O Mistério da Estrada de Sintra, Eça de Queirós e Ramalho Ortigão

    O que primeiro me despertou interesse neste romance policial foi o filme português homónimo e baseado na obra, que gostei muito. Mais uma vez, como de costume, a obra supera largamente o filme, mas fiquei satisfeita por ter começado por ver o filme. É mais suave e está muito bem pensado.
    O livro, claro, está maravilhosamente escrito e, tendo começado por folhetins no Diário de notícias, está pensado também de forma admirável, com diversas personagens contribuindo para o desvendar da trama, sem nunca desvendarem os nomes ou lugares por onde passam. Li-o num sopro. E senti-o de maneira muito forte. Quando começamos a perceber a sequência dos actos que levam à morte do inglês com que somos confrontados nas primeiras páginas, pesa-nos um desassossego e angustiamo-nos com as angústias da condessa e do seu primo, simpatizamos e sentimos piedade pelas desgraças que se abatem sobre as cabeças de todos quantos as carregam.

    É arrasador, mas gostei muito.


***

Comentários

  1. O que eu adoro é a tua capacidade intrinseca de captar a essencia do Lucky Luke aquando do duelo dele frente ao Jesse James.

    Parabens!

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  2. Ramalho Ortigão está muito para além deste "Mistério da Estrada de Sintra" e mesmo das "Farpas". Uma e outra obra são o resultado do dueto que ele não se escusou de trabalhar com Eça. Ramalho Ortigão sabia o que queria no mundo das letras, tem obra que baste para o colocar em lugar de destaque na literatura do século XIX. Neste "mano a mano" do "Mistério da Estrada de Sintra" a sua escrita confunde-se, obviamente, com a do Eça, no entanto, para quem conhece Ramalho Ortigão, sabe bem que participou em muito mais páginas que o seu ex-aluno do Colégio da Lapa, no Porto. Este "Mistério...", é uma obra interessante. Talvez porque cada um dos escritores se preocupasse mais com a escrita de um e de outro, este trabalho literário não atingiu o brilho a que ambos nos acostumaram. É a minha opinião.

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