Leituras Seguidas

    Três livros de seguida. Acabada a última página do primeiro, passei de imediato ao segundo e por fim ao terceiro. 
    Apenas me apaixonei pelo terceiro, "A Herança do Vazio", Vencedor do Man Booker Prize 2006 que esperou pacientemente para ser lido, entalado entre livros já lidos na minha estante giratória.

    O primeiro, "Isabel I de Inglaterra e o seu médico português" é, como o nome indica, um romance histórico. As estórias dentro da história podem dar  livros interessantes, que nos permitem viajar no tempo, entre a realidade histórica e a fantasia com que que são preenchidos os espaços em branco, ou, pelo contrário, limitam-se a uma frágil  revisitação histórica tendo como pano de fundo a estória narrada. Este livro foi particularmente decepcionante, a história tinha todos os ingredientes para permitir a construção de um bom romance histórico, mas a falta de patine dos diálogos, a fragilidade da explicação das atitudes e dos comportamentos dos protagonistas torna-o pouco credível. Os factos estão lá, mas não os compreendemos ou não acreditamos.

Quero ler este livro!



O segundo livro mobilizou a minha atenção. "A minha mulher" de Anton Tchekov é uma antologia de contos cuja leitura nos prende até ao final. A força da paixão do primeiro conto,  que dá o título ao livro, e a vertigem da loucura do terceiro, "O Monge Negro", na escrita perfeita do autor e no sintetismo da narrativa obrigam à sua leitura compulsiva.

Quero ler este livro!


   

Mas a paixão só foi despertada pelo livro "A Herança do Vazio", passado entre o nordeste dos Himalaias e as ruas de Nove Iorque.Sai fica órfã e é entregue a um avô que não conhece, que vive isolado, numa casa grandiosa mas semidestruída, acompanhado pelo seu cozinheiro e pela cadela, único ser a quem dedica um afecto real e intenso. As poucas pessoas que se cruzam com estas personagens têm passados, vidas e expectativas muito diferentes. Em contraste, o filho do cozinheiro emigrou para os EUA onde o pai e conhecidos pensam que leva uma vida grandiosa, mas em que se arrasta da cozinha de um restaurante para outra, fingindo não ver os outros imigrantes, vindos como ele da Índia, e  que acreditam que ele os pode ajudar. O fascínio distante pelo mundo ocidental, só desfeito por quem nele vive sem estar integrado.
   A escrita é belíssima:
  No entanto, a gargalhada dela foi apenas mais uma confecção preparada por causa dele, um fingimento de que a amizade deles era o que sempre tinha sido. Ele já tinha previsto aquilo e tentado mostrar-lhe, muito antes, como ela deveria encarar o amor; era uma tapeçaria e arte; a sua mágoa, a sua perda deviam fazer parte do entendimento e até um triste romance valeria mais do que qualquer simples felicidade apática.
  Leitura obrigatória.

Quero ler este livro!

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