Leituras de férias

    Entre a Foz do Arelho, Oeiras e a Serra de Tomar, as férias passaram demasiado depressa. Tão depressa que pouco foi o tempo que consegui dedicar à leitura.

    Comecei com As Três Mulheres de Antibes, do Somerset Maugham. Não li as badanas e não me apercebi que se tratava de uma colectânea de contos pelo que foi com imensa pena e alguma amargura que concluí o primeiro conto que dá o nome ao livro. Apetecia-me continuar na companhia daquelas três mulheres, obcecadas pelas dietas e pelo peso, próprio e das outras, e o apetite devorador com que soçobram, conjuntamente. à comida. Reconciliei-me entretanto com o autor  e o livro através da leitura de outros contos, sobretudo os que decorrem nas Guianas francesas.

Quero ler este livro!



    Depois li, quase sem conseguir parar, O Quarto de Jack., de Emma Donaghue, finalista do Man Booker Prize e do Orange Prize, 2010. Comprado pela minha filha é um livro surpreendente que narra a vida de uma criança e da mãe, encarcerados ambos num quarto.  É narrado pela voz de Jack, a quem a mãe, num esforço para o proteger, o convence que o quarto é o mundo e consegue garantir-lhe uma vida quase normal e saudável. Lembrou-me o filme A vida é bela, e o amor imenso que consegue alterar a realidade, de forma a torná-la menos terrível.

    Vi agora (fevereiro 2016) o filme O quarto de Jack, uma adaptação excelente ao cinema. Emma Donaghue é autora do argumento, o que contribuiu certamente para a adaptação muito fiel ao livro, mas o duo de actores, Brie Larson (Mamã) e Jacob Tremblay (Jack) e a ligação que transmitem, são decisivos para o sucesso do filme.
O filme centra-se sobretudo na parte em que os dois  se tentam adaptar à vida fora do quarto. Num só aparente paradoxo, a mãe tem muito mais dificuldade em se adaptar a esta nova fase, ao contrário de Jack que ingere o mundo de todas as formas possíveis e se lhe adapta, como antes se adaptara a viver na dimensão reduzida do quarto. 


    Já na última semana, li A cova do lagarto, de Filomena Marona Beja. Conta a vida do Duarte Pacheco, numa narração que junta ficção e realidade, atos públicos e privados. Obras e amores. Como sucede quase sempre, a autora gostou do seu protagonista e leva os leitores a gostarem deste homem, que mudou a face de Lisboa e de Portugal e que teve a inteligência de se rodear dos melhores e de conseguir dinheiro para as obras que considerava fundamentais.
    Na parte final, junta algumas notas biográficas. Tive pena que nada tivesse dito quanto a Luciana, que, de acordo com o livro, desempenhou funções absolutamente inéditas na época para uma mulher.
    Com este romance recebeu o Grande Prémio de Romance e Novela da APE / DGLB.

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