O jardim das delícias, João Aguiar (Edições ASA)

  Já tinha este livro há alguns anos, gentilmente autografado pelo autor na Feira do Livro de Lisboa de 2007. Os anos passados desde a sua 1ª edição (2005) não o desatualizaram, pelo contrário. Poderia ter sido pensado, escrito e editado agora e pensaríamos que era o resultado natural dos acontecimentos destes últimos anos em Portugal e na Europa. 
   Uma Europa federada em que a pouco e pouco se vão eliminando os vestígios nacionais e em que a federação convive com o crescimento de um movimento integrista, com uma sagrada milícia (braço armado do movimento), também sem fronteiras. O protagonista e narrador é um jornalista, solitário, desiludido com a profissão, com a polítca e com a vida em geral. Está isolado, não apoia a federação mas discorda do movimento integrista ainda que acabe por descobrir que os filhos e a ex-mulher são participantes ativos.
  E o que é o jardim das Delícias?
  É a mensagem que os cidadãos europeus recebem de forma subliminar:

   Alegra-te cidadão, que estás no melhor dos mundos. Tens a Federação e a prosperidades; estás, enfim, no Jardim das Delícias. Agora goza-o, paga os impostos, olha para o écran da televisão e não chateies." Tudo isto, evidentemente, omitindo os despedimentos em massa de cada vez que há uma fusão de empresas ou de cada vez que uns quantos accionistas querem comprar um Ferrari novo. (...)
    E eu defeco sobre este jardim, que é uma paisagem de pesadelo, como aquele tríptico do nosso querido Hieronymus Bosch, o qual deve ter tido uma antevisão do futuro que corresponde ao nosso presente.

***

Comentários

  1. Em que pagina esta essa citação

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  2. Boa noite,
    Agradeço a mensagem e o comentário, pois, de facto, eu devia ter indicado a página da citação: está na página 62 desta edição (2ª edição: maio de 2005).
    Ana Vargas

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