Até sempre mulherzinhas, Marcela Serrano (Dom Quixote)

   O livro estava pousado na secretária da minha amiga Susana. Embora não me recordasse, fui eu quem lho ofereceu há alguns anos, pela cumplicidade partilhada da leitura das Mulherzinhas, de Louise May Alcott.
   Ao contrário do que pensei, não se trata de uma continuação de As Mulherzinhas, mas a história de quatro primas, todas filhas únicas, que partilham as férias na casa da Tia Casilda, no Pueblo, uma localidade situada no sul do Chile. Todos os anos escolhiam um romance para lerem e representarem, mas a escolha das personagens suscitava sempre grandes problemas, sendo a única exceção As Mulherzinhas.   Cada uma das primas se identificava com uma das irmãs e, como se as características de cada uma determinasse os respectivos destinos, também as vidas de cada uma das primas segue a da personagem do livro que personificou na infância.
   Como pano de fundo, temos a casa e a serração da Tia Casilda que alimenta toda a família, incluindo os seus quatro irmãos loucos e inúteis. A falência da serração, coincide com o golpe de Pinochet e a entrada na idade adulta das quatro primas.
   O livro inicia-se e conclui-se com o regresso ao Pueblo para o funeral de Pancha, a criada da Tia Casilda. As três primas sobreviventes, Nieves, Ada e Lola regressam ao Pueblo e embarcam numa viagem ao passado em que acertam contas entre si e com a vida. 
  Como a dada altura é referido, o livro, como a vida, passa do quotidiano ao transcendente, por isso é tão agradável e familiar a sua leitura:
   É típico de nós: passar do quotidiano ao transcendente e depois voltar sem qualquer transição. Por entre o importante, roçamos a frivolidade e o insignificante e nada importa.

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