O traficante de armas, Hugh Laurie (Caderno, Leya)
O autor de "O traficante de armas", Hugh Laurie, é o famoso ator que deu vida ao Dr. House, da série televisiva homónima. Quando me falaram do livro, enalteceram o humor irónico tão caraterístico do ator/autor que nos leva a reconhecê-lo ao longo das páginas (escritas na primeira pessoa), pese embora não tenha qualquer relação com a série nem com medicina.
Thomas Lang é um ex-militar que é abordado por um desconhecido que quer contratar os seus serviços como assassino. Escandalizado e preocupado, Lang não só recusa, como tenta avisar a vítima. Vê-se então enredado numa teia de conspirações, envolvendo o tráfico de armas, da qual não tem como sair, sobretudo porque se apaixona pela filha da vítima.
Estive no hospital durante sete refeições, não sei bem a quanto tempo isso corresponde. Vi televisão, tomei analgésicos, tentei fazer todas as palavras cruzadas incompletas nos últimos números da Woman's Own. E fiz muitas perguntas a mim próprio.
Para começar, o que é que eu andava a fazer? Porque é que me andava a por no caminho de balas, disparadas por pessoas que eu não conhecia, por razões que eu não compreendia? O que é que eu ganhava com isso? O que é que Woolf ganhava com isso? O que é que O'Neal e Solomon ganhavam com isso? Porque é que aquelas palavras cruzadas não estavam acabadas? (...)
E, acima de tudo, porque é que eu tinha a imagem de Sarah Woolf cravada dentro de mim, de tal modo que sempre que pensava em alguma coisa - ver televisão à tarde, fumar um cigarro na casa de banho ao fundo do piso, coçar um dedo do pé - lá estava ela, a sorrir e a troçar ao mesmo tempo. É que, pela centésima vez, esta era a mulher pela qual eu decididamente não estava apaixonado.
Para começar, o que é que eu andava a fazer? Porque é que me andava a por no caminho de balas, disparadas por pessoas que eu não conhecia, por razões que eu não compreendia? O que é que eu ganhava com isso? O que é que Woolf ganhava com isso? O que é que O'Neal e Solomon ganhavam com isso? Porque é que aquelas palavras cruzadas não estavam acabadas? (...)
E, acima de tudo, porque é que eu tinha a imagem de Sarah Woolf cravada dentro de mim, de tal modo que sempre que pensava em alguma coisa - ver televisão à tarde, fumar um cigarro na casa de banho ao fundo do piso, coçar um dedo do pé - lá estava ela, a sorrir e a troçar ao mesmo tempo. É que, pela centésima vez, esta era a mulher pela qual eu decididamente não estava apaixonado.
O livro está bem construído e confesso que me ri mesmo muito e em voz alta com diversas passagens. Mas só até cerca de 2/3 do livro. Depois torna-se mesmo muito só espionagem e detalhes técnicos. Poderá ser uma coisa boa para quem gosta do estilo, mas para mim perdeu um pouco o interesse nessa altura - penso que o valor do livro reside mesmo no humor ácido da primeira parte.
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