Histórias à volta da mesa, Oscar Wilde (Coisas de Ler Edições)

     Em alturas em que o trabalho é muito e o tempo para ler muito curto, ter um livro com pequenas histórias que se podem ir lendo desgarradas é uma boa opção. Já há uns anos que tenho este livro comigo e, uma vez por outra fazia uma coisa que não faço nunca: abria o livro numa página aleatória e lia a história dessa página. Como geralmente leio romances, não é uma liberdade que tomo com frequência - por opção!
     De qualquer maneira, desta vez, decidi ler o livro por ordem - com a vantagem de que cada vez que o abria na página seguinte, dedicava uns poucos minutos à leitura de uma ou duas histórias diferentes e sem qualquer relação com as anteriores.
      O livro está dividido em quatro partes - Episódios, Fábulas, Contos Bíblicos e Poemas em Prosa - e reune uma série de histórias contadas frequentemente por Oscar Wilde em reuniões e refeições com amigos. Aparentemente o escritor era, na época, muito aplaudido pela sua vertente de bardo ou trovador. Nos diversos texto que antecedem e introduzem cada história, é mencionado que muitos dos seus amigos o consideravam um melhor contador de histórias do que escritor. 
    As histórias eram contadas muitas vezes, sempre com alteração de pequenos elementos, quer por mera vontade do orador, quer para melhor se adequarem ao público-alvo ou a determinada situação que Oscar Wilde quisesse ilustrar. Em alguns casos, as pequenas histórias serviram de inspiração para posterior desenvolvimento e passagem a livro (Um amigo que ouviu "A Actriz"  afirmou que, mais tarde, esta serviria de inspiração para a descrição de Sybil Vane, no "Retrato de Dorian Gray" (1981)).
    Aquelas que foram aqui reunidas, ficaram registadas, na sua maioria, por alguns dos ouvintes de Wilde que, depois dessas reuniões, iam para casa transcrever o que o autor contara. Para cada história terá havido diversas variantes. É curioso que as pequenas introduções às histórias falam frequentemente de escritores contemporâneos de Oscar Wilde, que muito admiravam o escritor e que faziam parte do seu círculo de amigos, nomeadamente Yeates, Sir Arthur Conan Doyle ou Anatole France.

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