A dama das camélias, Alexandre Dumas, filho (Bico de Pena)

   
     Acabado este período de festividades, e apesar das minha expetativas, tive pouco tempo tempo para ler. Para mais, fui passeando entre livros, tendo apenas acabado de ler "A dama das camélias". Procurei este livro porque o meu filho mais novo tinha de o ler para as aulas de português, do 11º ano, no 1º semestre deste ano lectivo. Desesperei à procura do livro que não encontrei nas livrarias, nem nas bibliotecas familiares, nem sequer nos alfarrabistas. Por sugestão de uma amiga, encontrei o livro na Biblioteca Camões da Câmara Municipal de Lisboa. Solução tão óbvia mas a que com menos frequência recorro.
   Conhecia a história e os nomes: Margarida de Gautier e Armand Duval e o final dramático e tão ao gosto da época (não corria por isso o risco de dizer, como aquela jovem que assistia ao filme Anna Karenina: Queres ver que isto ainda vai acabar mal?) mas nunca tinha lido o livro.
    "A dama das camélias" está muito bem escrito e a estrutura da obra é interessantíssima, porque o narrador fala com o leitor a quem conta a história deste amor, garantindo a veracidade da mesma: Aliás, existem em Paris testemunhas da maior parte dos factos que aqui aponto, e que poderiam confirmá-los se o meu testemunho não bastasse. E relata a história que lhe é contada por Armand após a morte de Margarida que ele exige comprovar, pedindo a trasladação e, por consequência, exumando o cadáver.
    Mas é sobretudo a história de como o amor verdadeiro pode levar-nos a prescindir da pessoa amada, a sacrificar a vida em comum pelo outro. Mais especial ainda quando envolve uma mulher cortesã, como é referida.
    Não deixa de ser surpreendente a diferença existente entre a sociedade de então e a de agora e que é evidente na vida dos dois amantes, bem como de todos os que os rodeiam. E a conceção de amor:
    "Ser amado por uma jovem casta, ser o primeiro a revelar-lhe o estranho mistério do amor, é decerto uma grande felicidade, mas é a coisa mais simples do mundo. Apoderar-se de um coração que não tem o hábito dos ataques é entrar numa cidade aberta e sem guarnição.
(...)
    Mas ser realmente amado por uma cortesã é uma vitória muito mais difícil. Nelas, o corpo gastou a alma, os sentidos queimaram o coração, a perversão couraçou os sentimentos.(...) Amam por ofício e não por sedução."
    Gostei de ler o livro. Será que a leitura deste livro instila o gosto pela leitura nos jovens estudantes do 11º ano?

    Uma palavra final para a capa, de que gostei muito, com ilustração de Mónica Catalá e design de Marta Teixeira.

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