A biblioteca das sombras, Mikkel Birkegaard (Porto Editora)


Confesso que este livro me dividiu. Apesar das advertências da Maria João quando me emprestou o livro (Acho que não é muito o teu género...), comecei por ficar fascinada. A primeira frase do livro dá o tom:  Para Luca Campelli, o desejo de morrer no meio dos seus adorados livros tornou-se realidade já tarde numa noite de Outubro.
    E o que aparentava ser uma morte natural, foi afinal causada por outros, como aliás a da sua mulher muitos anos antes. O filho, um advogado cheio de sucesso, sobretudo pelas alegações finais que produzia em tribunal, é informado da morte do pai e tem que decidir o que fazer à livraria que herdou e é então que toma conhecimento dos Lectores e dos Recetores.
   Os primeiros, quando lêem um texto em voz alta, conseguem influenciar a experiência e a atitude do ouvinte em relação ao que está a ser lido, existindo textos ou suportes mais adequados: O potencial do texto pode depender de ser lido de um monitor, de uma vulgar fotocópia ou de uma primeira edição....sendo neste último caso muito mais elevado do que em qualquer dos outros. (...) Os volumes antigos e muito lidos de uma dada obra são, por isso, mais poderosos do que os exemplares acabados de imprimir.
   Existem vários livros neste livro, como o Fahrenheit 451 do Bradbury que Jon escolhe para ler a Katherina e perceber como funciona o sistema - é como comunicar com o próprio livro....com a sua alma - ou o Frankenstein ou o Dom Quixote...
    Mas se a relação entre Lectores e Recetores era complicada, não justificava alguns acontecimentos e crimes ocorridos, descobrindo Jon que tinham origem na Organização Sombra de Lectores, já conhecida do seu pai. Esta organização considerava que a leitura era sobretudo uma forma de transmitir conhecimentos, atitudes e opiniões e que os Lectores deviam profissionalizar-se.
    E foi justamente aqui que o meu interesse começou a dissipar-se, quando as leituras provocavam faiscas, ao mesmo tempo que se davam explosões...
     Admito que o poder da leitura - lida e ouvida, e potenciada pelo suporte - é uma ideia absolutamente fascinante e que não é inovadora, mas aqui apresentada sob a forma de um thriller  fantástico não me seduziu particularmente. 
    

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