A história da 1002ª noite, Joseph Roth (E-Primatur / Letras Errantes)

    
 
    Com frequência o Diogo surpreende-me com livros de autores que nunca li nem ouvi falar. Desta vez foi com o livro A história da 1002ª noite de Joseph Roth. Mas antes de falar sobre o livro, não posso deixar de referir a editora, E-Primatur, de  nunca tinha ouvido falar, mas que me surpreendeu pela qualidade da edição. Descobri então que se trata de um projeto absolutamente inovador que vale a pena visitar:
(...) os livros que serão editados pela E-primatur visam preencher lacunas graves no panorama cultural/editorial português. Essas edições serão divulgadas a partir do sítio do Projecto E-Primatur, nas redes sociais e a partir de páginas de sítios parceiros. 
Parte do Projecto contempla a figura do crowdpublishing, a vertente para edição de livros do crowdfunding, ou financiamento colectivo, como apoio à publicação, mas sobretudo como mecanismo de promoção, divulgação e financiamento.
No sítio da Editora será também possível o leitor indicar que livros gostaria de ver publicados no mercado português ou reeditados depois de longos períodos de ausência dos escaparates.

     A história do livro, inicialmente um conto das mil e uma noites, arrebata-nos, mas o que tomamos como um conto ficcional, rapidamente se torna uma crítica social, um livro de costumes da época. Como se se tratasse de dois livros ou de duas histórias que se cruzam: de um lado o Xá da Pérsia que viaja até Viena e se deslumbra num baile organizado para o receber com uma mulher com quem quer passar a noite. Do outro lado, a Viena com as suas convenções e preconceitos sociais.
   Como a mulher desejada pelo Xá era casada e nunca acederia a passar uma noite com ele, decidem substitui-la por outra. A partir dessa noite, tudo muda para essa mulher e para todos os demais envolvidos.  E aí passamos do sonho para a realidade de uma sociedade socialmente estratificada, onde os filhos ilegítimos não têm direitos e as mulheres são profundamente discriminadas. Uma sociedade, porventura não muito distinta  da dos restantes países europeus nas primeiras décadas do século XX mas quase inconcebível para o leitor de hoje.

    Se esta história fosse contada por Xerazade, presumo que o rei também adiaria a sua morte, dia após dia, para poder continuar a saber o que iria acontecer a Mizzi e a Taittinger.

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