Cartas de Amor de Grandes Homens, Ursula Doyle (Bertrand Editora)
Tenho de confessar que este livro foi uma deceção. Mas o
defeito foi meu: ao ler “Cartas de Amor de Grandes Homens”, assumi que estava a
ler “Grandes Cartas de Amor de Grandes Homens”. A maioria das cartas não
eram sequer, em meu entender, cartas de amor propriamente ditas – muitas delas
eram só mesmo cartas entre apaixonados, e não particularmente boas, em meu
entender.
A breve introdução dos vários autores também é muito fraca,
dando poucas informações sobe o autor e a ou as contempladas (ou contemplados,
em alguns casos) com as cartas – sim, porque, por vezes, o amor era tanto que
as cartas que são transcritas foram cartas enviadas para mais do que uma pessoa.
Uma boa surpresa foi a quantidade de cartas de autores
portugueses, quando as cartas foram reunidas por Ursula Doyle, inglesa.
Ainda assim, e porque o geral foi uma desilusão, gostei
muito das cartas de Diderot, de Schiller, de Pessoa, de António Nobre, de
Almeida Garrett, de Shumann. Transcrevo, em seguida, algumas das passagens
destas cartas:
Adieu, meu queridíssimo amor. A minha afeição por ti é
ardente e sincera. Amar-te-ia ainda mais do que amo se soubesse como.
- Diderot, para Sophie Volland
Quem me dera ser uma ave: arrancaria uma pena às minhas asas
e, voando ao céu, embebê-la-ia na tinta da aurora, naquela tinta vermelha com
que os anjos escrevem cartinhas de namoro às estrelas.
Quem me dera escrever-te com uma pena assim e com uma tinta
igual: - eu seria, pela primeira vez, anjo, e tu serias o que há muito és: -
estrela!
- António Nobre, para Cândida Ramos
Juro que já não tenho mérito em te ser fiel, em te protestar
e guardar esta lealdade exclusiva que hei-de consagrar até o último instante da
minha vida: não tenho mérito algum nisso. Depois de ti, toda a mulher é
impossível para mim, que antes de ti não conheci nenhuma que me pudesse fixar.
- Almeida Garrett, para Rosa Montufar Infante
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