Ler no comboio



 Um dos meus sítios preferidos para ler é o comboio. São quase vinte minutos para ir e outros tantos para regressar. Confesso que já houve ocasiões em que mantive os olhos baixos e ignorei conhecidos para não perder o prazer destes minutos de leitura. Já perdi manhãs de nevoeiro, com Lisboa desaparecida em nuvens de onde emergia apenas a ponte, um dos seus pilares ou o Cristo Rei. Já perdi manhãs com o sol reflectido no rio Tejo e entardeceres perfeitos em troca de mais algumas páginas de um livro.
Por vezes de manhã, não há lugares sentados na carruagem, mas mesmo nestas circunstâncias, há quem não abdique de ler. Nalguns casos, a leitura é do jornal distribuído gratuitamente na estação, cada vez com mais frequência é do telemóvel, mas mantém-se um número razoável de passageiros frequentes de livros. 
Quando me esqueço de levar o livro que estou a ler, entretenho-me a espreitar o que os outros lêem e, mais recentemente, a fotografar quem lê.

Já me aconteceu encontrar no comboio amigas e falarmos de livros ou de outra coisa qualquer. Mas o melhor mesmo de viver na linha e ir de comboio para o trabalho são aqueles 40 minutos diários (20 para lá  e 20 para cá) de leitura. É bom começar o dia assim.

Comentários

Os mais lidos

O Sétimo Juramento, Paulina Chiziane (Sociedade Editorial Ndjira)

Niketche, Paulina Chiziane (Caminho)

Os Bem-Aventurados, Luísa Beltrão (Editorial Presença)