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A mostrar mensagens de dezembro, 2011

No tempo das borboletas, Julia Alvarez (Bertrand)

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    Há mais de dez anos fui a um congresso à República Dominicana. Tive oportunidade de conhecer apenas a capital. O povo dominicano, nos contatos que tive, pareceu-me afável e simpático. Sempre que me identificava como portuguesa invocavam o nome de Luís Figo e de outros jogadores de futebol. Um dia fomos surpreendidos por um indíviduo de uma certa idade, e com ar de sem abrigo, que quando nos identificou como portugueses, gritou Camões. Continuou a andar e passado um pouco, voltou-se para nós e gritou Pessoa. Fernando Pessoa.     Senti-me intimidada. Se a minha incapacidade de citar nomes de jogadores dominicanos era compreensível, já me impressionava o total desconhecimento da literatura e da história daquele país. Esta noção foi corroborada quando, num restaurante, no final da refeição e a propósito de uma moeda, me falaram das irmãs Mirabal, as mariposas, e me perguntaram se não conhecia a história delas. Era uma história tão marcante que Hollywood estava a fazer um filme s

A sombra do vento, Carlos Ruiz Zafón (Leya, SA)

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    A sombra do vento são vários livros num só, romance, romance histórico, policial. E são várias histórias que se cruzam por causa do amor aos livros. O livro, cuja história se desenrola na primeira metade do século XX, em Barcelona, inicia-se com a visita de Daniel ao Cemitério dos Livros Esquecido. O pai de Daniel levou-o numa madrugada, para o compensar do pesadelo que tivera e das saudades que sentia da mãe que morrera há pouco.     O Cemitério dos Livros esquecidos destina-se a perpetuar os livros. Neste lugar, os livros de que já ninguém se lembra, os livros que se perderam no tempo, vivem para sempre, esperando chegar um dia às mãos de um novo leitor, de um novo espírito. Na loja nós vendemo-los e compramo-los, mas na realidade os livros não têm dono. (...)O costume é que a primeira vez que alguém visita este lugar tem de escolher um livro, aquele que preferir, e adoptá-lo, assegurando-se de que ele nunca desapareça, de que permaneça sempre vivo .     Daniel escolhe

Liberdade, Jonathan Franzen (D. Quixote)

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    Uma crónica de Miguel Esteves Cardoso publicada recentemente (5.12.2011) no jornal Público tinha o seguinte título: "A putice livresca" e tratava da forma como saltamos despudoradamente de um livro para outro ou vamos lendo, em simultâneo, vários livros. Senti-me retratada na crónica, só que desta feita, sem culpa do livro traído e rapidamente abandonado.     Há alguns dias atrás, encontrei o livro Liberdade pousado na mesa da sala de estar da casa do meu irmão. Um marcador ainda nas primeiras páginas revelava um leitor inicial ou pouco interessado. Comecei a folheá-lo e o meu irmão,generosamente, disse que mo emprestava se o lesse rapidamente. O que fiz.     Deixei de lado o livro que estava a ler e comecei a ler Liberdade com o mesmo prazer e intensidade com que tinha lido Correcções .    Apenas o tempo dirá se é o romance do ano e do século ( The Guardian ) ou se merece estar numa prateleira ao lado de clássicos como Guerra e paz , mas não tenho dúvidas em