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A mostrar mensagens de fevereiro, 2012

Crónica, António Lobo Antunes

    Adoro as crónicas semanais que o António Lobo Antunes publica na Visão, ainda que ele não as tenha em grande conta, nem aos seus leitores de crónicas. Mas gosto muito. Nas crónicas é mais humano, é mais gente...     Não resisto a roubar uma pequena parte da última Crónica (publicada na Visão de 16 a 22 de Fevereiro de 2012) e começo pelo título:     Caminho como uma casa em chamas     Na crónica fala sobre a incapacidade de escrever livros que sentiu (sofreu) recentemente e explica:    (...) As crónicas movem-se à superfície das coisas e os livros são peixes de águas profundas, às quais não possuo um acesso consciente: numa crónica eu sei o que vou escrever. Num livro escrevo, cada vez mais, o que o próprio livro me dita ou, expresso de outra maneira, nas crónicas falo e nos livros escuto. Por isso cada vez mais se me afigura que um livro é precário, depende de factores não relacionados com a minha vontade consciente, regidos por princípios e leis a que não tenho acesso (.

Bartleby, Herman Melville (Assírio e Alvim)

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    Uma surpresa este livro cuja oferta, pelo Diogo, também foi um surpresa. As duas, boas surpresas.    A história é-nos narrada pelo advogado (ou notário) que recruta Bartleby para o seu escritório, situado em Wall Street, como escrivão ou copista. Já tem a trabalhar com ele dois copistas e um moço de recados  e como as suas ocupações tinham aumentado e não estava muito satisfeito com o ambiente de trabalho, decide recrutar mais um copista.    A entrada de Bartleby no escritório tem um efeito contrário ao pretendido. O seu silêncio, o facto de não comer e de viver no escritório (que só mais tarde é descoberto) são interpretados como uma dedicação imensa ao trabalho que é depois toldada pela recusa de fazer alguns trabalhos. A recusa é sempre idêntica ( preferia não o fazer ) mas definitiva e irreversível. Vai recusando algumas tarefas até que finalmente deixa de trabalhar. O comportamento de Bartleby dá origem a sentimentos distintos e gera um crescente mau-estar e inquietação.

A Fita Vermelha, Carmen Posadas (Círculo de Leitores - Quetzal)

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    A Fita Vermelha é um livro arrebatador. Escrito na primeira pessoa, por Teresa Cabarrús, a pedido da sua filha mais nova que o conclui, leva-nos pelas ruas de Paris e Bordeús durante os anos da Revolução Francesa.    Teresa, de origem espanhola, vai para França para encontrar marido. Ainda nova (adolescente pelos padrões actuais), casada e já mãe, vive a violência após a tomada da Bastilha e foge para Bordéus. Pouco depois, Bordéus, como outras cidades da província, recebem emissários de Paris, decididos a pôr termos aos contra revolucionários. Teresa tem um papel activo logo em Bordéus, salvando muitas pessoas da guilhotina. Mais tarde, regressada a Paris, é encarcerada e prepara-se para a guilhotina quando é salva pelo amante Tallien que, para a salvar e instigada por ela, consegue condenar Robespierre à morte.     É na prisão que conhece Rosa que passou à história como Josefina, mulher de Napoleão.    A proximidade do poder e da morte acompanham a protagonista que utiliza

Vila Verde: farmácia e pastelaria "viram" livrarias para obrigar clientela a "tropeçar" nos livros

    Vila Verde, 09 fev (Lusa) – O Agrupamento de Escolas de Moure, Vila Verde, colocou numa pastelaria e numa farmácia do concelho livros que os clientes podem levar para casa, uma iniciativa integrada num projeto de promoção da leitura, informou hoje a responsável.     Filomena Alves, coordenadora de projetos daquele agrupamento, explicou à Lusa que a ideia é colocar livros em locais “inesperados” mas bastante frequentados, de forma a que as pessoas acabem por “tropeçar” neles.     “Ir a uma pastelaria ou à farmácia e, de repente, encontrar ali um livro que até, por uma razão ou outra, já nos tinha suscitado alguma curiosidade pode ser um contributo importante para germinar hábitos de leitura”, referiu.      Como sublinhou, a ideia é que, “já que as pessoas não vão até aos livros, vão os livros até às pessoas”.     Os livros estão à disposição dos interessados e podem ser levados para casa, sendo devolvidos após a respetiva leitura.     Destinam-se aos mais variados público

Em busca do tempo perdido - Do lado de Swann, Marcel Proust (Relógio d'Agua) e Um passo em frente, Colleen Mc Cullough (Difel)

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    Foi uma decisão de ano novo: 2012 seria o ano em que leria os sete volumes de Marcel Proust. Nada como começar logo em Janeiro. E foi o que fiz, comecei a ler Do lado de Swann . E lá estavam a madalena molhada no chá, o beijo da mãe antes de adormecer, a descrição das tias e tias avós, os cheiros...Tudo descrito minuciosamente, tão minuciosamente como uma renda de bilros. Cada frase evoca sentimentos e os cinco sentidos do autor e do leitor:     " Mas de há pouco tempo para cá recomeço, se lhes dou ouvidos, a distinguir muito bem os soluços que tive forças para conter diante do meu pai e que só estalaram quando tornei a ficar a sós com a minha mãe. Na realidade, esses soluços nunca cessaram; e só porque a vida está agora mais calada à minha volta é que os ouço outra vez, como os sinos de conventos que são tão bem cobertos pelos ruídos da cidade durante o dia que parecem ter parado, mas que recomeçam a tocar no silêncio da noite" .     Mas a meio do livro tive que pa

Outras formas de falar sobre os livros

    O Diogo, um amigo, mantém uma leitura assídua deste blog, embora discreta...    E, generosamente, vai fazendo sugestões e enviando contributos que vou inserindo sem, no entanto, o referir.Enviou-me agora o link para dois blogs que falam sobre livros, de forma diferente, pelo que aqui deixo os endereços e a sugestão da visita: O silencio dos livros Acordo Fotografico