No tempo das borboletas, Julia Alvarez (Bertrand Editora)
Há mais de dez anos fui a um congresso à República Dominicana. Tive oportunidade de conhecer apenas a capital. O povo dominicano, nos contatos que tive, pareceu-me afável e simpático. Sempre que me identificava como portuguesa invocavam o nome de Luís Figo e de outros jogadores de futebol. Um dia fomos surpreendidos por um indivíduo de uma certa idade, e com ar de sem abrigo, que quando nos identificou como portugueses, gritou Camões. Continuou a andar e passado um pouco, voltou-se para nós e gritou Pessoa. Fernando Pessoa. Senti-me intimidada. Se a minha incapacidade de citar nomes de jogadores dominicanos era compreensível, já me impressionava o total desconhecimento da literatura e da história daquele país. Esta noção foi corroborada quando, num restaurante, no final da refeição e a propósito de uma moeda, me falaram das irmãs Mirabal, as mariposas, e me perguntaram se não conhecia a história delas. Era uma história tão marcante que Hollywood estava a fazer um filme s