Mensagens

A mostrar mensagens de fevereiro, 2013

Preconceito Racial, Pearl S. Buck (Editora Livros do Brasil)

Imagem
    Um romance com a clara assinatura de Pearl Buck mas que deixa bastante a desejar. Foi o primeiro livro dela sobre a Índia que li e gostei mais de todos os que já li sobre a China.     "Preconceito Racial" na tradução portuguesa tem, como título original, "Come, my beloved" ("Vem, meu amor") e, para mim, nenhum dos títulos corresponde ao livro, ainda que compreenda o título português.    De facto, o título original soa-me estranho.     A narrativa é feita ao longo de três gerações de homens americanos, os MacArd, que procuram a realização da sua fé cristã e, com ela, o bem da Índia. Em cada geração, o filho desafia o pai e dá mais um passo na sua proximidade com esse país, sempre acreditando que o cristianismo é a solução para ele. Tendo início em pleno domínio Britânico, passa por Gandhi e pela libertção da Índia.     Por fim, é pedido um derradeiro sacrifício ao último protagonista - que ele não está disposto a aceitar, levando a sua filha e

Tudo por Amor, Dan Jacobson (Quidnovi)

Imagem
   Mais uma vez tenho de confessar que não me recordo se já tinha lido este livro ou não, ou se me recordava da história pela leitura do resumo que vinha na sobrecapa. Como quer que seja, não me deslumbrou. Apetecia-me ler um livro que me arrebatasse, que me apaixonasse. Que melhor que uma história de amor que esteve na lista de finalistas do Booker Prize?    O livro narra a história de amor que junta a Princesa Louise, filha do terrível rei Leopold II da Bélgica e  mulher do princípe Phillipp de Saxe-Coburgo, com Geza Mattachich, segundo-tenente do 13º Regimento de Ulanos. Como se não bastasse a diferença social, havia ainda a diferença de idades: Geza era dez anos mais novo que a princesa.    Tem todos os ingredientes para dar uma excelente história, a infância infeliz de ambos, o casamento imposto à princesa, cujas expetativas não resistem à noite de núpcias, a paixão, as dívidas, a prisão dele e o internamento dela, por loucura, como era habitual. Contudo o livro falha, talv

Cem Sonetos de Amor, Pablo Neruda (Campo das Letras)

Imagem
      Não sou de modo nenhum leitora assídua de poesia. Mas gosto de ter um livro de poemas à cabeceira e, por vezes, abri-lo de forma aleatória e ler alguns deles, marcando aqueles que de alguma forma me tocam. Este é o livro que tenho agora comigo, e no qual li um poema que quis transcrever aqui. Porém, ao virá-lo, li o poema da contracapa e gostei ainda mais. Por isso é esse que transcrevo, e até calha bem o dia. Seja este poema para todos os apaixonados neste dia de São Valentim. Saberás que não te amo e que amo pois que de dois modos é a vida, a palavra é uma asa do silêncio, o fogo tem sua metade de frio. Amo-te para começar a amar-te, para recomeçar o infinito e para não deixar de amar-te nunca: por isso não te amo ainda. Amo-te e não te amo como se tivesse nas minhas mãos a chave da felicidade e um incerto destino infeliz. O meu amor tem duas vidas para amar-te. Por isso te amo quando não te amo e por isso te amo quando te amo.

Doutor Jivago, Boris Pasternak (Sextante Editora)

Imagem
   Muita gente da minha geração conhece bem Doutor Jivago, alguns porque leram o livro, a maioria porque viu o filme. Lê-lo, por isso, parecia-me uma tarefa mais fácil do que efetivamente foi. A história, contada em poucas linhas, relata a paixão arrebatadora vivida entre o doutor Jivago e Lara, enfermeira, no cenário de guerra e tendo como pano de fundo a revolução russa.    O livro está belissimamente bem escrito e permite-nos viver e entender o quotidiano da população russa, martirizada com a guerra com o Japão, depois com o envolvimento nas duas guerras mundiais e, entretanto, a viver internamente a revolução. Se apenas um século nos separa das vidas e das histórias narradas, uma  diferença abissal nos afasta, tornando quase incompreensível aquelas vidas vividas entre frentes de guerra, hospitais, aldeias e casas destruídas, comboios e deslocações cuja duração se contava em semanas ou mesmo meses. Tudo o que havia sido construído, organizado, ordenado, tudo o que se relacionav

Livros lidos em 2009

   Encontrei na minha secretária um pequeno caderno que, de um lado, tem a capa preta e escrito le bien , e do outro, a capa branca e escrito le mal , que o Diogo me trouxe de uma viagem a Paris. Usei-o temporariamente, em 2009, antes de iniciar este blog, para anotar as minhas impressões de leitura e as frases roubadas. A divisão do caderno permitia-me uma classificação instintiva dos livros. No lado do le bien estão: "Os Maias", que então reli, "Amesterdão" (Ian McEwan), "Neblina sobre Manheim"  (Bernhard Schlink), "Leite derramado" (Chico Buarque) que me surpreendeu e cuja leitura adorei, "A solidão dos números primos" (Paolo Giordano) que me comoveu imensamente, "O que diz Molero" (DinizMachado), "Anna Karenina" (Lev Tolstoi), "Doida não e não" (Manuela Gonzaga), "A sombra do que fomos" (Luis Sepúlveda) e "A mulher certa" (Sandor Márai) que é brilhant na forma como é narrado.    N

Os 200 anos de Orgulho e Preconceito

   A Nélia alertou-nos para os 200 anos da edição desta obra de Jane Austen. Publicada pela primeira vez em 1813, foi concluída 16 anos antes, quando a escritora contava apenas 20 anos.    O jornal The Guardian publica um extenso artigo onde diversos escritores da atualidade analisam detalhadamente as várias personagens desta obra. Não deixaram de nos surpreender as conclusões a que chegam: Mr. Bennett é um rufia (bully), Elisabeth não suporta mulheres e Mr. Darcy necessita de terapia (é manipulador, hipócrita e um egoísta depressivo). Olhares da atualidade sobre uma obra que, contra o que poderíamos esperar, pelo tema e pelos protagonistas, se tem mantido entre os livros mais lidos.    Ver mais em: http://www.guardian.co.uk/books/2013/jan/26/pride-prejudice-200th-anniversary