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A mostrar mensagens de março, 2013

A lebre de olhos de âmbar, Edmond de Waal (Sextante Editora)

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   O Diogo ofereceu-me este livro, de que nunca tinha ouvido falar. A capa, para além da imagem da lebre, ostenta a indicação que recebeu o Prémio de Biografia Costa Book Award 2010 e o Prémio Ondaatje Award 2011.    O autor é, como diz a badana do livro, um prestigiado oleiro inglês, professor de Cerâmica na Universidade de Westminster. O pretexto para o livro é a coleção de pequenos bonecos de marfim e de madeira que o autor herdou de um tio residente no Japão, os netsuke . Decide então empreender uma viagem pelo tempo à procura do momento em que estes objetos foram adquiridos, as mãos por que passaram e as casa que adornaram.    O livro e a saga desta família inicia-se em Paris em 1871. Tinham partido de Odessa alguns anos antes, de acordo com o planeado pelo então patriarca da família e estabelecido-se em Viena e Paris. Os palácios que construíram faziam parte do plano, estavam a " armar-se em Rothschild ". Charles, um dos herdeiros, nascido ainda em Odessa, era um ama

O jardim das delícias, João Aguiar (Edições ASA)

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  Já tinha este livro há alguns anos, gentilmente autografado pelo autor na Feira do Livro de Lisboa de 2007. Os anos passados desde a sua 1ª edição (2005) não o desatualizaram, pelo contrário. Poderia ter sido pensado, escrito e editado agora e pensaríamos que era o resultado natural dos acontecimentos destes últimos anos em Portugal e na Europa.     Uma Europa federada em que a pouco e pouco se vão eliminando os vestígios nacionais e em que a federação convive com o crescimento de um movimento integrista, com uma sagrada milícia (braço armado do movimento), também sem fronteiras. O protagonista e narrador é um jornalista, solitário, desiludido com a profissão, com a polítca e com a vida em geral. Está isolado, não apoia a federação mas discorda do movimento integrista ainda que acabe por descobrir que os filhos e a ex-mulher são participantes ativos.   E o que é o jardim das Delícias?   É a mensagem que os cidadãos europeus recebem de forma subliminar:    Alegra-te cidadã

A Criança no Tempo, Ian McEwan (Gradiva)

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    Livro danado cá em casa, A criança no tempo  trata de um dos maiores terrores  de qualquer pai: o desaparecimento de uma criança.     Kate tem três anos quando desaparece no supermercado onde se encontrava com o pai. Completamente rica, não há dúvida que a descrição da cena é extremamente emotiva, e senti arrepios enquanto a lia. Trata-se de uma das melhores capacidades de Ian McEwan: as descrições gráficas que faz de diversas situações que nos permitem sentir completamente presentes nessas mesmas cenas.     Também característico do autor é o facto de não se cingir a um tema, mas explorar uma diversidade deles: questões políticas, episódios históricos, questões da mente, temas da física. Tudo isto nos é mostrado ao longo do livro, que segue o pai de Kate, Stephen, ao longo da sua tentativa de recuperação após o desaparecimento da filha.     Não é um livro sentimental ou que explore profundamente esse lado da personagem. Está extremamente bem escrito. E o último capítulo é

Os enamoramentos, Javier Marías (Editora Objectiva)

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   Queria um livro pelo qual me apaixonasse e ao ver Os enamoramentos , não resisti. Não sei se a culpa foi da capa ou do resumo do livro na contracapa... Trouxe-o para casa e imediatamente destronou todos os outros que aguardam pacientemente para ser lidos na minha mesinha de cabeceira. Enamorei-me perdidamente pela história, pelas personagens femininas, pela escrita. Bastou o primeiro parágrafo: A última vez que vi Miguel Desvern ou Deverne foi também a última vez que a mulher, Luísa, o viu, o que não deixou de ser esquisito e porventura injusto, visto que ela era isso mesmo, sua mulher, e eu, em contrapartida, era uma desconhecida e nunca tinha trocado uma palavra com ele .    Não vou contar a história porque não quero tirar o prazer de a descobrir através da sua leitura. Por isso só posso dizer que é um livro sobre a vida, o luto, a morte e a irreversibilidade da morte. E sobre a forma como a sofremos e como refazemos a vida e nos refazemos, não admitindo o regresso dos mortos a