Mensagens

A mostrar mensagens de outubro, 2013

A Varanda das Gardénias, Sandra Sabanero (Difel)

Imagem
    É tão bom apaixonarmo-nos por um livro; aquela paixão que nos faz ler em qualquer lugar, sempre que podemos, ao mesmo tempo que vamos medindo o volume de folhas que falta, com receio de nos estarmos a aproximar do fim.     Foi o que me aconteceu ao ler A Varanda das Gardénia. Adorei as personagens, as suas histórias, a narrativa e a sua construção. Ri-me, chorei, indignei-me, ou fiquei apenas embevecida em determinadas passagens. Que mais se pode pedir? É uma história de amores, diversos amores, amores verdadeiros. Amores apaixonados e amores familiares.     Começa com o amor de Magdalena e Juan e a forma como ela fez perder a cabeça a um homem que nunca pensou casar-se. Casam e têm uma filha e, mais tarde, apadrinham um menino - Rebeca e Ezequiel, respetivamente.     Ao fim de alguns anos, Juan é acusado de um crime que não cometeu e após um ano em fuga, acaba por morrer. Magdalena perde temporariamente o juízo com a dor; a filha, Rebeca, vai formar-se para Lugarana, fica

O Herói Discreto, Mario Vargas Llosa (Quetzal)

Imagem
         O Herói Discreto não é seguramente o melhor livro deste autor, mas, como os restantes, está magistralmente escrito.     A ação decorre entre Piura, onde reside o herói discreto, Felicito Yanaqué, e Lima, onde residem Ismael Carrera e Rigoberto, dedicando capitulos alternativos a um e a outros. Felicito é proprietário de uma empresa de transportes, honrando assim a memória do pai que trabalhou incansavelmente para que o filho pudesse estudar e tivesse as oportunidades que ele não teve. Ismael é proprietário de uma companhia de seguros, onde trabalha dedicadamente Rigoberto. Três homens de gerações distintas, mas cuja vida é marcada pelo trabalho e os prazeres adiados ou ignorados ou parcimoniosamente saboreados.      Felicito é casado com uma mulher com quem dormiu esporadicamente quando se encontrava hospedado na casa onde ela trabalhava e cuja mãe, a mandona, acusa de ter engravidado a filha. Para além da mulher, tem uma amante jovem, que ama, e mantém uma relação de

Granta Portugal - 1 (2)

    Outros textos que li e que gostei neste número foram:     "Jazz, rosas e andorinhas" - Afonso Cruz, um conto inteligente e muito bem escrito. Apesar de ter lido apenas um livro deste autor, consegue-se identificar a escrita e certas passagens remetem-nos para aqueleoutro livro ( A música é uma janela, e se nos debruçamos muito caímos lá para dentro e só paramos quando batemos no chão .).     O conto, uma história de amor, tem jazz e rosas e só numa breve passagem andorinhas: Nesta profissão temos uma liberdade diferente do resto das pessoas, não estamos confinados a um "eu". Somos umas macieiras capazes de dar andorinhas. Ou leões...     "Diário de um fumador" - Simon Gray. Gostei deste texto escrito ao ritmo de um diário, por um fumador, em férias, que está à beira de celebrar os 65 anos e com pretextos diversos descreve o que vai vendo ou vivendo ou nos arrasta até ao seu passado. Com subtítulos como O que leio nas férias ou Livros , perco

Granta Portugal - 1 (1)

Imagem
    Só em setembro assinei e recebi o primeiro número da Granta. Gostei muito da edição, da capa, da paginação, dos separadores, das fotografias - de Daniel Blaufuks - e da maioria dos textos. A vantagem de se tratar de uma revista é que, quando não nos apetece ler um texto, basta-nos virar algumas páginas. Sem culpa.     A minha única dúvida foi se o nível se manteria nos próximos númeross. Já recebi a Granta Portugal 2 e esse receio dissipou-se. Algumas notas sobre os textos que li:   "Em busca d'eus desconhecidos" - Dulce Maria Cardoso, sob esse título equívoco, divaga sobre a identidade, a loucura, o coração. Uma sensação cúmplice a abrir, também quando criança desejava - imaginava-me - a fumar. O gesto seduzia-me ou, pensava, seduzia quem o via.     Outra ideia que partilho: adoecer fecha-nos mais sobre nós próprios, tornamo-nos menos capazes de compor as máscaras com que nos escondemos.         "À medida que fomos recuperando a mãe" - Valé

Prémio Nobel da Literatura

Foi hoje anunciada a vencedora do Prémio Nobel da Literatura: Alice Munro, canadiana.  Alice Munro já recebera, em 2009, o Man Booker International Prize, e, segundo li, era há muito uma candidata recorrente ao Nobel da Literatura. Nunca li nada dela, pior ainda, não tenho ideia de ter lido qualquer crítica ou recensão aos seus livros, pelo que foi com surpresa que descobri a quantidade de livros já editados entre nós, pela editora relógio D’Água:  Amada Vida ( Dear Life , 2012), O Progresso do Amor ( The Progress of Love , 1986), O Amor de Uma Boa Mulher ( The Love of a Good Woman , 1998), Fugas ( Runaway , 2004), A Vista de Castle Rock ( The View from Castle Rock , 2006) e Demasiada Felicidade ( Too Much Happiness ). Uma autora a descobrir rapidamente.

A cabana dos peixes que voam, Chiew-Siah Tei (Publicações Europa-América)

Imagem
    Já tinha tentado começar a ler este livro várias vezes, mas nunca tinha passado da primeira folha. Desta vez, li logo várias de seguida, e achei que tinha chegado a altura certa para o ler. Ainda assim demorei bastante tempo. A escrita é simples, um tanto melancólica, mas uma melancolia quase expectável atendendo a que o personagem principal, Mighzi, é obrigado a seguir toda vida as ordens do avô, cuja principal obsessão é não ofender os antepassados. Tenho de admitir que me fascina toda a cultura chinesa, todos os rituais a ela associados - se bem que assim, nos livros; para as mulheres, é muito penosa.    Como previsto pelo Mandarim que lhe dá o nome, Minghzi torna-se, também ele Mandarim, para orgulho do avô, um caminho que trilhou praticamente sem opção, ainda que tivesse como vantagem a possibilidade de fugir da mansão e do domínio do Sr. Chai. É durante os estudos que vai para a sua primeira casa que batiza de A Cabana dos Peixes que Voam, por causa das carpas que lhe faze

O tempo entre costuras, Maria Dueñas (Porto Editora)

Imagem
   Mais um livro recomendado e emprestado pela Nélia. É um livro arrebatador que não apetece parar de ler. Houve momentos em que desejei que a minha viagem diária, no comboio, se arrastasse ou que o comboio se atrasasse, de forma a permitir-me prolongar a leitura.     A ação decorre entre Madrid, Marrocos e Lisboa, no período que antecede a guerra civil de Espanha e a II Guerra Mundial.    Sira, a protagonista, é uma jovem quando a conhecemos, aprendiz de costureira, filha de mãe solteira e noiva de um homem cuja única ambição é conseguir um posto de funcionário público para ambos, a quem uma máquina de escrever arruinou o destino (frase com que se inicia o livro).    Mais por acaso que por convição ou vontade, é recrutada pelos serviços secretos britânicos e passa a viver uma vida dupla, entre ateliers e senhoras da alta sociedade, sobretudo inglesas e alemãs, criando um passado e simulando vivências que não tinha, primeiro em Marrocos, Tetuán, e depois em Madrid.     Ao lo