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A mostrar mensagens de dezembro, 2013

O Fiel Jardineiro, John Le Carré (Publicações Dom Quixote)

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    Um livro magnífico. Li algures que John Le Carré é um excelente contador de histórias e não posso estar mais de acordo, no que toca a esta história em particular.      O romance inicia-se com o assassinato brutal de Tessa Quayle e do seu guia, além do desaparecimento do seu companheiro de viagem e presumível amante, o Dr. Arnold Bluhm. Tessa é casada com Justin Quayle, Primeiro Secretário da Embaixada Britânica no Quénia. O desaparecimento de Bluhm leva a que se assuma ter sido um crime passional, versão em que nem o marido, nem os agentes destacados para o caso acreditam. Justin toma como sua a missão de descobrir os assassinos da mulher, desencadeando todo um processo de descoberta dos trabalhos humanitários de Tessa , dos quais sempre se manteve afastado. A viagem começa na casa de família de Tessa, em Itália, passando pela Alemanha, Suíça e Canadá, e de volta ao Quénia.     Nunca na sua vida Justin fora tão ávido de saber. (...) Preparara-se dia e noite desde que ela m

O pintor de batalhas, Arturo Pérez-Reverte (Edições Asa)

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    É um livro perturbador, mas que nos impele à leitura (e como eu precisava de um, depois de começar e abandonar vários livros....).      Andrés Faulques, espanhol, fotógrafo de guerra retirado, vive numa torre isolada onde pinta um mural sobre a guerra que não estava destinado a outro público além dele próprio. Pintura de batalhas, fruto das suas memórias impressas nas fotografias que tirou durante trinta anos, mas também das visitas a museus e do estudo a que se dedicou durante anos para se dedicar à pintura daquele mural.     Leva uma vida feita de rotinas e em completo isolamento até ao dia em que se aproxima da torre Ivo Markovic, ex-combatente croata, que ele fotografou ( Você tirou uma fotografia a um soldado com quem se cruzou durante alguns segundos. Um soldado acerca do qual ignorava até o nome. E essa fotografia deu a volta ao mundo. Depois esqueceu-se do soldado anónimo e tirou outras fotografias. ) A fotografia teve repercussões terríveis para o soldado, pelo que,

O Grande Gatsby, F. Scott Fitzgerald (Abril/Controljornal)

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   Passei por uma crise de leituras em que nenhuma livro me agarrou; quando, numa noite, agarrei num outro e, já deitada, ao fim de duas páginas também o fechei, levantei-me da cama e fiquei parada em frente da minha estante a avaliar os livros que ainda nao tinha lido. Lá, num cantinho, vi dois livros da coleção Novis, biblioteca Visão: O Grande Gatsby e Madame Bovary , dois clássicos que nunca tinha lido. Peguei n' O Grande Gatsby , satisfeita, e comecei a ler. Constraste imediato entre a qualidade de escrita de F. Scott Fitzgerald com a de Marisa de los Santos ("O Amor não espera à Porta"), cujo livro tinha fechado havia cinco minutos, precisamente porque achei que estava tão maravilhosamente escrito como os da Margarida Rebelo Pinto.     Apesar do remake recente do filme, que até já tinha uma certa curiosidade de ver, não conhecia minimamente a história. E apesar de a personagem de Gatsby apenas aparecer no terceiro capítulo, desde logo o livro me prendeu. Está

Barroco Tropical, José Eduardo Agualusa (Dom Quixote)

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   Barroco tropical, o nome do livro, é o título de uma canção sonhada pelos dois protagonistas/narradores, Kianda e Bartolomeu.O espaço narrativo de cada um, dentro de cada capítulo, é identificado no início, pelo símbolo masculino ( de Marte) e pelo símbolo feminino (de Vénus) o que nos permite ir conhecendo a história através de duas perspetivas distintas.     Dizer que é uma história de amor, tendo como pano de fundo Angola num futuro não muito distante, é redutor. Há um mosaico de personagens que acompanham, convivem com os dois protagonistas principais e que constituem a paisagem da história e lhe conferem densidade. São apresentadas no capítulo 3, depois da apresentação no capítulo anterior das personagens principais. Há ainda o quase diálogo com o leitor, composto por pequenas explicações ou divagações.     E depois há um olhar desiludido pelas várias geografias ( Hoje os europeus têm muita saúde, mas sentem-se mortos. São mortos muitissimo saudáveis. Nós, pelo contrário,