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A mostrar mensagens de fevereiro, 2014

O Outro Eu, Daphne du Maurier (Relógio d'Água)

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    É curioso como as coisas se dão. Li Rebeca da Daphne du Maurier já lá vão dez anos ou mais, pela coleção Livros do Brasil. Desde essa altura que tenho sublinhado na contra capa o título da mesma autora, O Outro Eu . Faz um mês vi um filme ( Scapegoat ) por acaso e vi, com surpresa, que era baseado num romance de du Maurier. Imediatamente, pela história, mesmo sem saber a tradução do título para português, percebi que tinha de ser o romance que há tantos anos assinalara para ler. Pois esse romance foi recentemente retraduzido e editado pela Relógio d’Água e li-o de um trago só. As diferenças são significativas, entre o filme e o romance e, como de costume, o romance ganha. Mas o filme também é muito giro.     John, o narrador, é um inglês desiludido com a vida, de férias em França, cuja língua e costumes o fascinam. Para fim de viagem, tencionava passar uns dias na abadia Grande-Trappe, quando, a caminho, é confrontado com um sósia, de nome Jean. « Foi uma estranha e repentin

Sombras Queimadas, Kamila Shamsie (Civilização Editora)

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    Este livro foi uma desilusão. Tudo nele me foi extremamente apelativo - a capa, o título e o resumo da contracapa. Admito, no entanto, que comecei a lê-lo com uma ideia específica do que poderia encontrar e que parte da minha desilusão se prendeu precisamente com o rumo totalmente distinto que a história toma.     A narrativa começa em Nagasáqui, quando Konrad, um alemão, propõe casamento a Hiroko, japonesa. A primeira bomba nuclear caíra em  Hiroxima havia três dias e, quando ele deixa a casa da noiva, cai a segunda bomba, em Nagasáqui. Konrad não sobrevive e Hiroko fica com marcas (físicas, para não falar das psicológicas) permanentes. Dois anos depois, Hiroko procura a meia-irmã de Konrad, Ilse, em Deli, na Índia, onde conhece Sajjad a quem mostra pela primeira e última vez, as queimaduras em forma de pássaros gravadas na pele.     Toda a primeira parte do romance é emotiva e forte, com as descrições de como aqueles que estavam mais perto do local da queda da bomba foram

Mrs. Dalloway, Virginia Woolf (Relógio d'Água)

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        Já tinha começado a ler este livro mais que uma vez e desistido. Desta vez tive dificuldade em interromper a leitura. A ação decorre num único dia, marcado pela sucessão das horas tocadas pelo Big Ben. Clarissa Dalloway, a figura central, ocupa o dia na preparação de uma festa em sua casa. A frase de abertura é sobejamente conhecida: « Mrs. Dalloway disse que ela própria ia comprar flores».      Coincidentemente, nesse dia, Peter, o seu grande amigo de infância e juventude, regressa da Índia. Está de novo apaixonado, desta feita por uma mulher muito mais nova, ele que a tinha amado há muitos anos (e ainda amava?) antes de ela ter escolhido casar com Richard Dalloway. Na festa aparece de surpresa Sally, uma amiga também da juventude. As recordações desses tempos, os sentimentos de então regressam e condicionam o reencontro.     Clarissa prepara a festa  e manifesta inquietações e ansiedades proprias de uma mulher do seu meio: a filha Elizabete quase adulta com quem sente tã