Mensagens

A mostrar mensagens de maio, 2014

A Jangada de Pedra, José Saramago (Caminho)

Imagem
    No seguimento da leitura de autores com Prémio Nobel, não poderia deixar de ler Saramago. O meu único contacto com o autor português tinha sido a leitura (obrigatória) do Memorial do Convento. Na altura, em parte pela obrigatoriedade e limite de tempo, não apreciei particularmente a obra, com exceção das passagens de Baltazar e Blimunda.      Quando comecei a ler A Jangada de Pedra, fiquei boquiaberta. Durante as primeiras páginas, não conseguia parar de pensar que o homem era um génio da escrita! A maneira como brinca com as palavras, como usa e abusa da ironia e do tom jocoso, as frases de um paragrafo lidas de um fôlego só... Foi verdadeiramente uma experiência de ler simplesmente pelo bem escrever. E deu-me um grande gosto. Tenho muitas páginas com o canto dobrado, de passagens que gostei particularmente.     A narrativa começa com Joana Carda a riscar o chão com uma vara de negrilho, no norte de Portugal. Nesse mesmo momento, todos os cães de Cerbère, em França, não ten

Que Importa a Fúria do Mar, Ana Margarida de Carvalho (teorema)

Imagem
    Que Importa a Fúria do Mar contém várias histórias, personagens e épocas a acompanhar a história de fundo, que é logo narrada na contracapa:    Numa madrugada de 1934, um maço de cartas é lançado de um comboio em andamento por um homem que deixou uma história de amor interrompida e leva uma estilha cravada no coraçao. Na carruagem, além de Joaquim, viajam os revoltosos, do golpe da Marinha Grande, feitos prisioneiros pela Polícia de Salazar, que cumprem a primeira etapa de uma viagem com destino a Cabo Verde, onde inaugurarão o campo de concentração do Tarrafal. Dessas cartas e da mulher a quem se dirigiam ouvirá falar muitos anos mais tarde Eugénia, a jornalista encarregada de entrevistar um dos últimos sobreviventes desse inferno africano  e cuja vida, depois do primeiro encontro com Joaquim nunca mais será a mesma .     E se a história de fundo é forte, todas as que se lhe entrelaçam são igualmente fortes, de pessoas de então e de agora, maltratadas, sózinhas e co