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A mostrar mensagens de agosto, 2014

A Rapariga Inglesa (Gabriel Allon #13), Daniel Silva (Bertrand Editora)

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    Tenho de confessar que este livro foi uma grande deceção. Depois de tanta publicidade por parte das editoras e de diversas pessoas nas redes sociais, fiquei curiosa e pensei que seria um excelente livro para as férias - daqueles que nos prendem a atenção e não nos deixam pousá-lo. Não aconteceu isso comigo. Pelo contrário, por várias vezes a minha atenção dispersava menos de um minuto depois de ter pegado no livro.     Sobre a rapariga inglesa propriamente dita, Madeline Hart, aspirante a uma carreira política de sucesso e que era amante do primeiro ministro britânico, há muito pouco. O livro fala basicamente dos serviços secretos de Israel - já que o espião destacado para encontrar a rapariga é Gabriel Allon, ao serviço desses serviços secretos -, e do modo como a Rússia - apresentada como o maior e mais temível inimigo das potências ocidentais - procura explorar o petróleo encontrado em território britânico, também com recurso aos seus serviços secretos. Mesmo o twist fina

A ilha dos espíritos, Camilla Läckberg (Dom Quixote)

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   Um dos meus maiores prazeres nas férias de verão é a leitura de um bom livro policial. Ainda não tinha lido nenhum desta autora e confesso que a leitura do livro me prendeu desde o início. A história é muito complexa e à trama policial soma-se a vida familiar e a envolvência social e politica de uma pequena comunidade sueca.      Embora o crime que desencadeia a investigação seja o homicídio aparentemente inexplicável de Matts Sverin, a trama centra-se sobretudo na questão da violência doméstica e nos efeitos e consequências que desencadeia.     O livro decorre em dois contextos temporais e espaciais, no presente em Fjällbacka e, no passado, em 1870, na ilha de Gråskär. Mas em ambos o crime de violência doméstica é o detonador da sequência de eventos que constitui o cerne do livro.      O final é absolutamente inesperado e constitui uma reviravolta na investigação e na perceção que o leitor foi construindo durante a sua leitura, mas reduzir este livro a um mero policial é m

Por favor cuida da mamã, Kyung-Sook Shin (Porto Editora)

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   Li este livro por sugestão da minha irmã, mais curiosa por livros de autores de países longínquos. Num mundo crescentemente globalizado, os livros permitem preservar a especificidade das diferentes culturas e, ao mesmo tempo, que os leitores, de diferentes latitudes e longitudes, atalhem caminho e mergulhem numa realidade distinta daquela que constitui o seu quotidiano. Mas, salvaguardadas as diferenças, permanecem sempre muitas semelhanças, sobretudo que no que toca as relações familiares e afetivas.       O livro é curioso quer pela estrutura da obra, quer pela opção de narrar a história utilizando a segunda pessoa do singular: A família está reunida na casa do teu irmão mais velho ...No princípio pensamos que se trata da mãe, que vai assistindo à busca que os filhos e o marido encetam à sua procura. Mas depois percebemos que esta opção confere maior proximidade ao narrador.               A história é simples: Park So-nyo, casada, mãe de 5 filhos adultos, vai com o mar

O Primeiro Homem de Roma (Amor e Poder #1), Colleen McCullough (Difel)

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    Este livro, aconselhado por vários membros da família, é o primeiro de oito volmes sobre o império romano.       Com início no ano 110 a.C. segue essencialmente Caio Mário, "um novo rico vindo do meio rural, um militar, com a reputação de não saber falar grego" e Lúcio Cornélio Sila cujas origens patrícias, "que remontavam aos tempos que antecediam a própria fundação de Roma", o tornavam "eminentemente elegível para a glória total de ascensão política". A ambição máxima de qualquer político era tornar-se o Primeiro Homem de Roma; no entanto, os entraves para sequer entrar na política eram sempre muitos. O primeiro deles era tão-só o sangue, o nascimento. Para ser cônsul, era necessário provir de famílias patrícias, e possuir nome identificativo de tal. Além disso, era necessário pagar avultadamente.      Caio Mário, como novo-rico que era, possuía riqueza suficiente, e feitos militares distintivos, mas não tinha ascendência apropriada ao consula

O Sétimo Juramento, Paulina Chiziane (Sociedade Editorial Ndjira)

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    Um mergulho no mundo obscuro da Magia Negra, numa África atual devastada por guerras, greves e muita corrupção, este livro é também a denúncia de uma realidade a que preferimos fechar os olhos.     David, antigo revolucionário que lutou pelos direitos dos trabalhadores, é agora diretor de uma empresa estatal da qual desvia fundos sem os quais não consegue, há mais de seis meses, pagar os salários aos operários.     «Não se trata de fraude, nem de roubo. Foi uma transferência de fundos, uma espécie de empréstimo para criar capital, cuja reposição será feita na devida hora. Um diretor que se preza deve ter capital próprio, uma representação compatível com o cargo.»     Na iminência de uma greve e de um golpe dos seus suburdinados imediatos, que pretendem denunciá-lo e levá-lo à demissão, David desespera e procura a solução dos seus problemas na magia negra, incentivado pelo seu amigo, também diretor fraudulento e antigo revolucionário, Lourenço.     «Sou herói. Aos h

Gente feliz com lágrimas, João de Melo (Leya, SA)

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        O título deste livro é belíssimo. Há muito que alimentava a vontade de o ler devido sobretudo ao título. Foi uma feliz coincidência tê-lo lido depois de uns dias passados nos Açores, com a recordaçao ainda presente da neblina, do mar, das ilhas, das vacas, das hortênsias e das criptomérias. E com a lembrança da igreja, omnipresente. Quando foi pubicado em 1988 foi considerado um romance inovador na estrutura, mas penso que ainda o é. Apresenta-se dividido em cinco livros.      O livro primeiro, O tempo de todos nós , tem um capítulo inicial com o título Um qualquer de nós . Os restantes capítulos deste livro são narrados à vez pelo Nuno Miguel, Maria Amélia e Luís Miguel, irmãos mais velhos de nove filhos sobreviventes.  Neles apresentam-se na primeira pessoa do singular, mas como se falassem com alguém, eventualmente um entrevistador ou um biógrafo. Não contam realidades distintas, mas visões pessoais de uma infância partilhada e infinitamente triste a que Nuno Miguel e

O Gatilho, Tim Butcher (Bertrand Editora)

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        O livro O Gatilho tem o subtítulo No rasto do assassino que levou o mundo para a guerra . Em junho deste ano passaram exatamente 100 anos sobre o assassínio do arquiduque Francisco Fernando, herdeiro do império austro-húngaro, que, como é sabido, conduziu à primeira guerra mundial. Tive curiosidade em ler quer porque conheço muito pouco da primeira grande guerra, quer por saber que muitas das guerras posteriores no espaço europeu resultaram desta primeira guerra mundial e, consequentemente, do acontecimento que lhe deu origem.       O autor, repórter de guerra, acompanhou a guerra da Bósnia. Anos mais tarde regressa à Bósnia e Herzegovina para procurar o rasto e os motivos que levaram um jovem sérvio, Gavrilo Princip, a empunhar o revólver e a disparar contra o herdeiro do império.      A pesquisa e o seu relato são acompanhados da descrição da vida atual naquele novo país, bem como da recordação omnipresente  e constante da guerra. Reconhece, a propósito da guerra do