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A mostrar mensagens de outubro, 2015

A Eterna Demanda, Pearl S. Buck (Elsinore)

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    "A Eterna Demanda" é-nos dado a conhecer como o último trabalho de Pearl S. Buck, ainda incabado, cujo manuscrito foi descoberto, e recuperado, em 2012 pela família da autora. O prefácio, que é escrito pelo filho Edgar Walsh - um dos vários filhos que Pearl Buck e segundo marido, o seu editor Richard Walsh, adotaram -, guia-nos um pouco sobre a vida da autora e, sobretudo, os seus conturbados últimos anos de vida. Gostei muito de a conhecer melhor através deste prefácio.     Edgar Walsh apresenta-nos o trabalho da mãe como "um trabalho imperfeito", referindo que a mãe "era uma perfecionista, e este livro está longe de ser perfeito. Não deixou instruções sobre o aspeto que o romance deveria ter na sua forma final". Mais refere que "todavia, para os seus leitores passados e atuais, esta obra, representa uma oportunidade única de conhecê-la realmente e de compreender os seus sentimentos e convicções".     Foi exatamente isso que senti. Cl

Receitas de Amor para Mulheres Tristes, Héctor Abad Faciolince (Quetzal)

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         Não sei como definiria este livro se tivesse de o fazer. É quase uma brincadeira, um jogo que o autor faz, misturando emoções e receitas que tanto podem ser receitas de cozinha, como esconjuros, feitiços, conselhos, consolos. Mas são uma graça que, sob a forma de prosa são, algumas vezes, verdadeiros poemas - talvez para essa leitura tenha contribuido a tradução de Pedro Tamen.      E se estas receitas se destinam a mulheres tristes, Héctor começa logo por realçar a importância de estar triste, retomando esta ideia ao longo do livro (o que é importante, pois com frequência encontramos esta rejeição da tristeza, nossa e dos outros):     " A verdade é que, muitas vezes, não há nada mais sensato que estar triste; todos os dias acontecem coisas, aos outros e a nós que não têm remédio, ou melhor, que têm esse antigo e único remédio de nos sentirmos tristes."     E a que se destinam as receitas? A coisas tão distintas como o peso dos anos, o enjoo das palavras,

Biografia involuntária dos amantes, João Tordo (Alfaguara)

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    Comprei este livro na Feira do Livro numa tarde em que o João Tordo se encontrava no stand da editora. Tinha alguma curiosidade de ler este autor, devido a algumas críticas que tinha lido mas também na expetativa de saber como escrevia o João, que conhecia há muitos anos através das palavras de Ary dos Santos cantadas por Fernando Tordo.     E começo por referir que o João é um digno herdeiro desse património. O livro está muito bem escrito. Não resisti aliás a roubar algumas frases:     "Foi a única mulher para quem olhei e que consegui imaginar velha", afirmou. "Quanto mais a observava, mais era capaz de retratar a metamorfose que lhe aconteceria ao rosto, e ao corpo, durante os próximos cinquenta anos". (...) nunca se encontra o amor porque ele não é passível de ser encontrado. Que não nos acontece quando queremos mas quando estamos distraídos ou adormecidos. (...)     Dobrar uma esquina significava escolher um destino, dobrar a esquina seguinte s