A morte de Ivan Ilitch, Lev Tolstoi (Leya, SA)
Nos últimos meses li várias referências a este livro. A que mais me impressionou foi a menção que lhe é feita por João Lobo Antunes numa entrevista ao Expresso (publicada a 24 de dezembro de 2015). Curiosamente, o prefácio desta edição é de António Lobo Antunes que o descreve como fazendo o retrato implacável da nossa condição: não há sentimento que nele não figure, não há emoção que não esteja presente. Acabei de o ler e voltei ao início, porque senti que não tinha conseguido apreendê-lo na totalidade. E lido uma segunda vez, volto a sentir o mesmo. Há um quase paradoxo entre a dimensão do livro (não chega a ter cem páginas) e a imensidão e profundidade das questões tratadas. Fala da morte, é sabido. O título denuncia-o. Mas trata igualmente da vida, da forma como vivemos quando a morte não está nos nossos horizontes e depois, perante a morte, como se reduz e fica condicionada no tempo e no espaço. ( Não é possível que a vida seja assim tão sem sentido, tão abjecta. E se