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A mostrar mensagens de abril, 2016

Submissão, Michel Houellebecq (Alfaguara)

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  Tinha grande expetativa quanto a este autor e, em particular, quanto a este livro. Talvez por isso me tenha desiludido tanto. A história é conhecida. Em 2017 é reeleito em França um presidente de esquerda num país cada vez mais abertamente de direita. É então criada a fraternidade muçulmana. Fala-se de uma eventual guerra civil entre os imigrantes muçulmanos e as populações autóctones, embora as pessoas estejam cansadas de ouvir falar em violência. Cinco anos depois, em 2022, a federação muçulmana (que não tem a ver com os jiadistas) alcança a segunda posição nas eleições e o partido socialista entra em negociações para manter a direita afastada do poder.     O narrador é professor universitário, especialista em Joris-Karl Huysman. Refere a dado passo que (...) gostar de um livro é antes de mais gostar do seu autor, desejar estar com ele, ter vontade de passar os dias na sua companhia. Para além deste acompanhamento, há um paralelismo que ao longo do livro o narrador vai faz

O labirinto da felicidade, Álex Rovira e Francesc Miralles (Pergaminho)

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    Este livrinho que se lê em menos de uma tarde foi-me emprestado por uma amiga para quem foi muito importante. Conheço bem a sensação de querer espalhar pelo mundo quando lemos um livro que nos marca e, por isso, fico feliz quando o fazem comigo. Claro que corremos sempre o risco de o livro não ter o mesmo efeito nas pessoas com quem decidimos partilhá-lo - e eu não gosto particularmente dessa sensação. Mas a verdade é que cada um de nós tem os seus estilos mais próximos e queridos, e este livro não entra exatamente nos meus gostos.     Como está escrito na capa, trata-se de uma fábula sobre o sentido da vida, mais concretamente, sobre o percurso que temos de fazer para encontrarmos o nosso sentido da vida.       Epílogo    Esta é a história de alguém que tinha perdido tudo e se encontrou a si mesma - o seu maior tesouro - no centro do Labirinto.     É um livro que se lê bem, é simples e acessível, e reúne alguns ensinamentos que podem ajudar em determinadas fases da

De olhos vendados, Siri Hustvedt (Edições Asa)

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    Este romance foi-me recomendado pelo escritor João Tordo durante um curso de escrita de Romance que fiz no início do ano, por ter, segundo o mesmo, uma linguagem semelhante à que uso quando escrevo. De facto, identifiquei-me com algumas passagens e creio que poderia tê-las escrito (se fosse escritora, claro) de forma não muito distinta.     O livro em si é estranho. Passei metade do livro a tentar encontrar o fio condutor da história e a ligação do enredo ao título. Perto do fim consegui efetivamente fazer estas ligações, mas quando terminei o livro dei por mim a pensar qual teria sido o objetivo. Não é uma pergunta que me costume fazer enquanto ou após ler algum livro. Ou aprecio ou não aprecio o que li, quer pela narrativa, pelo enredo ou, por vezes, só pela escrita. Se quando comecei o livro estava muitíssimo curiosa, quando terminei o primeiro capítulo (40 páginas) senti-me vítima de uma partida:     Não pensei que a história terminasse aqui. (....) Esperei durante mes

Contacto, Carl Sagan (Gradiva Bolso)

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    As primeiras horas de 2016 foram passadas a ver - pela primeira vez - o filme "Contacto". Gostei muito do filme e fiquei curiosa quanto ao livro. Nunca tinha lido nada de Carl Sagan. Livro e filme têm muitos pontos em comum, mas também algumas discrepâncias. Claro que o livro é muito mais detalhado e complexo. Se isso já é verdade para a generalidade dos livros, quando comparados com os filmes a que dão origem, neste caso já previa que a leitura seria essencial para perceber melhor determinados conceitos abordados no filme. Se por um lado isso aconteceu, por outro houve parágrafos inteiros que, para mim, poderiam estar escritos em japonês, que a minha compreensão do que acabara de ler seria igual.     Uma das coisas que mais me cativou no romance foi a maneira como Ellie é descrita; a proagonista é uma mulher num mundo de homens que é a Física (mais ainda há uns anos, quando o romance foi escrito), e tem de batalhar muito para ganhar credibilidade, ao mesmo tempo que