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A mostrar mensagens de dezembro, 2016

Livros para 2017

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    Juntei todas as festas do ano numa semana, Natal, aniversário e passagem do ano. Numa semana despacho tudo. Durante a minha infância e juventude senti-me imensamente injustiçada. Poucos amigos estavam por cá e, muitas vezes, as prendas eram dadas em conjunto, ou pelo menos apresentadas como tal. Para piorar as coisas, a minha avó paterna, já então acamada há vários anos, veio a falecer no meu dia de anos. Justamente quando dei a maior festa que me recordo. Seguiram-se muitos anos de comemorações discretas, com a família próxima apenas.     É quase ousado dar um festa entre o Natal e a passagem do ano, ainda estamos a recuperar da primeira e já nos estamos a preparar para a segunda. Não nos apetecem doces, nem festas.      Com o passar do tempo fui-me habituando a esta comemoração tranquila, entalada entre duas festas. A idade traz destas coisas. A vantagem do aniversário entre estas datas é que numa semana reencontro e falo com família e amigos e junto muitas prendas. Livros s

Numa casca de noz, Ian Mc Ewan (Gradiva)

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    A minha amiga Ana ofereceu-me este livro pelo Natal. Como o recebi uns dias antes, não resisti e comecei a lê-lo de imediato. Já li vários livros deste autor, a maioria dos quais adorei. Para além de  Expiação , são inolvidáveis outros como  O fardo do Amor ,  Na praia de Chesil ,  Cães Pretos  e, mais recentemente,  A balada de Adam Henry .     Este livro, Numa casca de noz , foi, por isso, uma desilusão. Na badana, o editor refere que  «no ano em que se assinala o quadricentenário da morte de Shakespeare, qualquer semelhança entre Hamlet e Numa casca de noz não é pura coincidência» .     Em  Numa casca de noz o narrador é o feto, o filho por nascer de Trudy e de John. John é um poeta, professor e editor de poetas, praticamente falido. Trudy, casada com ele, é uma mulher particularmente bonita, que reside sozinha na casa de família de John, a pretexto de ter de pensar na relação de ambos e é amante do seu cunhado, um próspero e ambicioso mediador imobiliário. Ambos decidem m

A vida em surdina, David Lodge (Asa)

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        David Lodge tem a qualidade de nos levar para o universo dele logo às primeiras palavras. Lemos o início do livro e estamos lá, ao lado  daquele indivíduo de óculos, alto e grisalho, parado na orla da multidão, com o tronco inclinado para a frente e quase em cima da rapariga de blusa de seda vermelha. S abemos depois que aquele indivíduo é Desmond, o protagonista, o autor provavelmente.     Desmond é um professor universitário, reformado, casado com Fred - diminutivo de Winifred - que é sócia de uma loja de  decorações em clara expansão. É o segundo casamento de ambos, na sequência, no caso de Desmond, da morte da primeira mulher.      O livro decorre entre novembro de 2006 e março de 2007, sendo escrito na primeira pessoa, como se de um diário se tratasse ( isto parece estar a tornar-se uma espécie de diário, ou notas para uma autobiografia, ou porventura uma simples terapia ocupacional ) e na terceira pessoa, entrando em cena um narrador que é simultaneamente um observ

A biblioteca das sombras, Mikkel Birkegaard (Porto Editora)

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Confesso que este livro me dividiu. Apesar das advertências da Maria João quando me emprestou o livro (Acho que não é muito o teu género...), comecei por ficar fascinada. A primeira frase do livro dá o tom:    Para Luca Campelli, o desejo de morrer no meio dos seus adorados livros tornou-se realidade já tarde numa noite de Outubro.     E o que aparentava ser uma morte natural, foi afinal causada por outros, como aliás a da sua mulher muitos anos antes. O filho, um advogado cheio de sucesso, sobretudo pelas alegações finais que produzia em tribunal, é informado da morte do pai e tem que decidir o que fazer à livraria que herdou e é então que toma conhecimento dos Lectores e dos Recetore s.    Os primeiros, quando lêem um texto em voz alta, conseguem influenciar a experiência e a atitude do ouvinte em relação ao que está a ser lido, existindo textos ou suportes mais adequados: O potencial do texto pode depender de ser lido de um monitor, de uma vulgar fotocópia ou de uma primeir