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Livraria Galileu, Cascais

    O pretexto foi comer um gelado Santini, em Cascais. A abertura de gelatarias Santini em Lisboa e em Carcavelos levou  a que praticamente deixássemos de ir a Cascais. Hoje o Alexandre propôs que fôssemos a Cascais comer um gelado Santini e passear. Depois de descobrirmos que a gelataria Santini a que habitualmente íamos - na Av. Valbom - estava fechada, descobrimos que havia uma segunda gelataria, a que fomos, mas antes passámos, como era costume, pela Livraria Galile u . Esta Livraria comemorou este mês 45 anos. Abriu em 1972 e como refere na sua página Hoje confrontada com um mercado dominado por Golias sediados nas grandes superfícies, a Galileu continua a perseguir o sonho que lhe deu vida: uma livraria - generalista embora - orientada para aquele nicho de mercado que prefere a qualidade e a raridade à espuma passageira do best seller.     Sempre que passo por lá descubro qualquer livro ou uma história sobre livros. Foi o caso de hoje .     Na montra estava um cartaz sob

Ler no comboio

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 Um dos meus sítios preferidos para ler é o comboio. São quase vinte minutos para ir e outros tantos para regressar. Confesso que já houve ocasiões em que mantive os olhos baixos e ignorei conhecidos para não perder o prazer destes minutos de leitura. Já perdi manhãs de nevoeiro, com Lisboa desaparecida em nuvens de onde emergia apenas a ponte, um dos seus pilares ou o Cristo Rei. Já perdi manhãs com o sol reflectido no rio Tejo e entardeceres perfeitos em troca de mais algumas páginas de um livro. Por vezes de manhã, não há lugares sentados na carruagem, mas mesmo nestas circunstâncias, há quem não abdique de ler. Nalguns casos, a leitura é do jornal distribuído gratuitamente na estação, cada vez com mais frequência é do telemóvel, mas mantém-se um número razoável de passageiros frequentes de livros.  Quando me esqueço de levar o livro que estou a ler, entretenho-me a espreitar o que os outros lêem e, mais recentemente, a fotografar quem lê. Já me aconteceu en

Nós matámos o Cão-Tinhoso, Luís Bernardo Honwana

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      O que fazer quando perdemos o livro que estamos a ler?     Estive há um mês em Maputo e fui a algumas livrarias à procura de livros da Paulina Chiziane. Tinha falado desta autora  a duas colegas brasileiras que ficaram interessadas, mas não conseguimos encontrar nenhum livro porque, segundo nos disseram, tinham muita procura e esgotavam rapidamente.     Procurei por outros autores moçambicanos e falaram-me de Luís Bernardo Honwana, que há mais de 50 anos escreveu o livro Nós matámos o Cão-Tinhoso e que agora publicou um novo livro A velha casa de madeira e de zinco . Lembrava-me de ter ouvido falar do primeiro livro dele embora nunca o tivesse lido e decidi comprá-lo. Dos sete contos, li apenas o primeiro que dá justamente o nome ao livro e depois perdi-o. Sei que há edições portuguesas e que não deve ser difícil encontrá-lo, até porque integra o Plano Nacional de Leitura. Mas eu queria mesmo era aquele livro, aquela edição.     É fácil perceber a perenidade ou, pelo

A Confissão da Leoa, Mia Couto (Editorial Caminho)

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          O livro começa assim:     Deus já foi mulher. Antes de se exilar para longe da sua criação e quando ainda não se chamava Nungu, o atual Senhor do universo parecia-se com todas as mães deste mundo. Nesse outro tempo, falávamos a mesma língua dos mares, da terra e dos céus. O meu avô diz que esse reinado há muito que morreu. Mas resta, algures dentro de nós, memória dessa época longínqua. Sobrevivem  ilusões e certezas que, na nossa aldeia de Kulumani, são passadas de geração em geração. Todos sabemos, por exemplo, que o céu ainda não está acabado. São as mulheres que, desde há milénios, vão tecendo esse infinito véu. Quando os seus ventres se arredondam, uma porção de céu fica acrescentado. Ao inverso, quando perdem um filho, esse pedaço de firmamento volta a definhar.       Um início extraordinário que o resto do livro não desmerece. Difícil foi parar de roubar frases, de as saborear. Foi por isso que levei tempo a lê-lo.     Como o autor explica, este livro tem por

Os deuses da culpa, Michael Connelly (Porto Editora)

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    Passaram-me o livro para as mãos, dizendo apenas: Vais gostar de o ler.  E gostei.     É o primeiro livro deste autor que leio. Tem uma abordagem distinta dos livros policiais mais comuns. Estamos a léguas dos policiais tradicionais em que tudo se desenvolve à volta de um cadáver e de um conjunto de suspeitos.    No caso de Os deuses da culpa , a maior parte do livro decorre à volta do julgamento e durante a sua preparação e o que aparenta ser o homicídio de uma "acompanhante" pelo seu proxeneta, transforma-se num enredo bastante mais complicado envolvendo casos anteriores e policias corruptos. Nesse aspeto o livro está excelentemente construído, revelando-se verdadeira uma hipótese que foi avançada inicialmente apenas para suscitar a dúvida nos jurados.    Mais frágil ou pelo menos mais lugar comum são as personagens que o povoam, a começar pelo protagonista principal, Dr. Michael Haller ou Mickey, divorciado, com problemas de relacionamento com a filha adolescente

Deixa o grande mundo girar, Colum McCann (Civilização Editora)

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       Mais um livro fantástico. Quando acabo um livro cuja leitura me prendeu, receio sempre começar o próximo. Acho que será difícil que me prenda da mesma maneira. Mas ultimamente tenho tido a sorte de ler vários livros de seguida muito bons. De que gostei. Este foi mais um. Difícil foi interromper a leitura e, sobretudo, virar a última página.  O pretexto do livro é um acontecimento real:     N uma madrugada do final do Verão,os habitantes de Manhattan observam incrédulos e em silêncio as Torres Gémeas. Estamos em Agosto de1974 e um misterioso funâmbulo corre, dança e salta entre as torres, suspenso a quatrocentos metros do chão.       As personagens do livro são as pessoas que passam na rua e olham surpreendidos para aquele homem que parece andar no ar, que se atrasam para o verem,  que à distância falam pelo telefone com alguém que está parado na rua a espreitá-lo, que se cruzam com ele mais tarde, no tribunal. E esses encontros fortuitos alteram os rumos das suas vid

O segredo de Joe Gould, Joseph Mitchell (D. Quixote)

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    A primeira referência que vi a este livro, O segredo de Joe Gould, foi ao prefácio de António Lobo Antunes. Foi por aí que comecei a lê-lo. É um prefácio entusiástico que começa da seguinte forma:    Este é, sem dúvida, um dos melhores livros que li nos últimos anos ....Depois de o ler compreendi o entusiasmo, que me parece resultar mais da personagem tratada que do autor.     Por partes: este livro é, como explica o autor, constituído por dois retratos da mesma pessoa, Joe Gould, escritos para um rubrica de perfis do The New Yorker, o primeiro em 1942 e o segundo, 22 anos depois, em 1964, já depois da morte dele.     Joe Gould nasceu numa família abastada de Massachusetts e estudou em Harvard onde se licenciou em 1916.  Alguns anos mais tarde, foi viver para Nova Iorque onde termina por deixar o trabalho que tinha para se dedicar a escrever a História Oral do Nosso Tempo. Apresenta e fala do seu projeto a várias pessoas que chegam a entusiasmar-se com o mesmo, tendo alguns

Canção doce, Leila Slimani (Alfaguara)

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        Canção doce é um livro muito perturbador e de uma enorme violência. Logo na contracapa lemos o resumo e ficamos a saber a história. Myriam, mãe de duas crianças pequenas chega a casa mais cedo para surpreender os filhos que estão com uma ama. E o livro começa assim:     O bebé morreu. Bastaram alguns segundos. O médico garantiu que ele não sofreu. Deitaram-no dentro de um saco cinzento e fizeram deslizar o fecho de correr sobre o corpo desarticulado que boiava no meio dos brinquedos. Quanto à menina, ainda estava viva quando chegaram os serviços de emergência.    Não é um livro de suspense no sentido clássico, pois sabemos logo no início o drama que se vai abater sobre aquela família e de quem é a responsabilidade. E se o livro começa justamente pelo fim, percebemos que o importante é  o caminho que é feito até àquele momento. Os passos dados, os sinais ignorados que conduziram àquele desfecho. Mas o trágico é sentir que podia acontecer connosco. É sentirmos que so

Mulheres fora da lei, Anabela Natário (Desassossego)

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       Depois de ler Crime e Castigo, quase a propósito, saboreei a leitura deste livro «Mulheres fora de lei». Apesar do subtítulo algo dramático – venha conhecer as maiores criminosas dos últimos três séculos em Portugal – o livro inicia-se com uma pequena nota da autora que lembra que o crime não é um exclusivo do homem, as mulheres, embora em menor número, também o praticam.     Cada capítulo é precedido de uma ficha de identificação com o nome da mulher, idade, local de nascimento, morada do crime, tipo de crime, vítima e data. Das 23 histórias contadas, 3 passaram-se no século XVIII, 12 no século XIX e as restantes no século XX. O crime maioritário é o de furto, seguido pelo do homicídio, em regra, do marido.      Na minha leitura, duas histórias se destacaram, uma de uma verdadeira serial killer que ia buscar crianças expostas e as matava com requintes de malvadez – e matou 34 crianças, em 1772 – e  a segunda, já no século XX, que, vestida de homem, tentou matar o se

Rose Madder, Stephen King (New English Library)

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    [em português, O Retrato de Rose Madder, publicado pela Bertrand Editora]     Quando, no ano passado, li o livro Under the Dom e, fiquei positivamente impressionada com Stephen King. Na minha procura por outros romances do mesmo autor que me despertassem o interesse sem serem demasiado assustadores (marca que é sempre associada a King), descobri este - Rose Madder . E chamou-me a atenção por se tratar da história de uma mulher vítima de violência doméstica que foge ao marido, levando consigo apenas o cartão de crédito dele.     Voltei a achar a escrita muito simples e acessível, o que é bom porque o li no original, portanto, em inglês.    O livro começa com uma cena horrível, após uma sessão de pancada particularmente violenta a Rose Daniels pelo marido, Norman Daniels. Estão casados há cinco anos e passam outros nove ate que, em saber exatamente porquê, um dia Rose vê uma gota de sangue (seu) no lençol da cama e, ante a perspetiva de ter de mudar novamente os lençóis, d

O mar, John Banville (Edições Asa)

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     Nas arrumações cíclicas aos livros, encontrei este, adquirido há alguns anos e não lido então. Já estava no sótão, arrumado, destino dado aos livros lidos ou que abandonei a meio. Este não se enquadra em nenhuma destas categorias e portanto foi uma feliz coincidência termo-nos encontrado. É um livro belíssimo, como um trabalho rendilhado mas cheio de sentido ( O céu estava enevoado e nem uma brisa agitava a superfície do mar, as ondas pequenas desfaziam-se languidamente na orla da água, continuamente, como uma bainha interminavelmente pespontada por uma costureira ensonada .)     A história é aparentemente simples, Max Morden volta à pequena vila onde passou férias na infância para recuperar da morte recente da sua mulher, Anna, e instala-se na Casa dos Cedros. Era nesta casa que ficavam os Grace, uma família pela qual se sentia atraído em miúdo, em particular pela mãe e pelos filhos gémeos, Myles e Chloe. Instala-se nesta casa na tentativa de os recuperar, de encontra

Uma estranheza em mim, Orhan Pamuk (Editorial Presença)

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    Apaixonei-me pela obra deste autor através da leitura do Museu da Inocência e, por isso, cada livro de Orhan Pamuk que começo a ler vem carregado de uma enorme expetativa, que o resumo deste, publicado na contracapa, ainda acentuou:     Mevlut viu-a apenas uma vez e foi o suficiente para se apaixonar. Após três anos de cartas enviadas em segredo, decidem fugir. A escuridão da noite auxilia a fuga mas a luz de um relâmpago revela um engano terrível que os marcará para sempre. Chegados a Istambul, Mevlut decide aceitar o seu destino, seguindo os passos do pai (...)     A história tem como centro este engano e as consequências que produz na vida das pessoas envolvidas, contudo, ao longo das mais de 600 páginas desta obra, grande parte é gasta a falar das alterações na cidade e na vida daqueles que a habitam, na modificação da paisagem urbana, da mudança dos bairros de casas construídas pelos que ali chegavam, vindos das aldeias, para prédios e arranha-céus.      A alteração

Paraísos Artificiais, Paulo Henriques Britto (Companhia das Letras)

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    Foi este o livrinho que me foi recomendado pela simpática rapariga do pequeno stand de livros do Centro Comercial de Alvalade, que já mencionei . Falou-me do autor, brasileiro, que escreve maioritariamente poemas mas que, aqui, se aventura em prosa. E, como ela me prometera, a escrita é maravilhosa. Fiquei amarrada logo na introdução.     ... você está constantemente largando camadas sucessivas de seu ser, desintegrando-se a cada instante de sua existência no espaço; e é por isso que você não é eterno, não pode ser eterno, pelo mesmo motivo que um lápis ou uma borracha não podem ser eternos.     Mas há uma maneira simples de alterar essa situação - quer dizer, não alterá-la objetivamente, o que seria impossível, e sim modificar o modo como você a vivencia (e como você só sabe das situações o que vivencia delas, para todos os fins práticos modificar sua percepção de uma situação é a mesma posa que modificar a situação em si): basta sentar-se na cadeira, pegar um lápis e uma

Os Interessantes, Meg Wolitzer (Teorema)

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    Este romance acompanhou-me durante os últimos dois meses. Surpreendi-me ao aperceber-me disto porque geralmente vou arrastando as leituras que não me despertam o interesse - o que não foi o que aconteceu neste caso. Gostei muito deste livro. Creio que porque conta estórias banais, de pessoas normais que poderíamos ser nós, os nossos amigos e conhecidos. Como tal, não há talvez uma trama que nos mantenha totalmente absorvidos porque precise de ser destrinçada (e entendo que isso para muitos seja dissuasor da leitura) mas antes, cada vez que abria o livro, sentia-me a reencontrar os meus velhos amigos nas suas páginas: a Jules, a Ash, o Ethan, o Jonah, o Dennis.     Apesar de seguirmos um pouco as estórias de todos eles, o foco maior é sobre Jules. Julie, quando o romance começa, que integra o campo de férias no âmbito das artes, Spirit-in-the-Woods, por ter conseguido uma bolsa, e onde conhece o grupo de amigos que fará parte do resto da sua vida - Os Interessantes. No fundo, são

Apaixonados por Livros

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    No Centro Comercial de Alvalade há um pequeno stand de livros, pelo qual passo todos os dias, no meu caminho de ou para o escritório. Nunca lá parara antes de hoje. Percorria sempre as capas com os olhos, mas controlava a vontade de parar, primeiro porque trazia sempre um livro comigo, e depois porque gosto de levar o meu tempo a vaguear pelos livros, sem me sentir pressionada a comprar ou mirada pelos vendedores.     Mas hoje acabei o livro que estava a ler ( “Os Interessantes” , de Meg Wolitzer) e, antecipando o momento em que apanharei o metro de regresso a casa, sem ter o que ler, decidi ver se algum livrinho pequeno me chamava a atenção.     E então parei. E já tinha na mão um livro do Primo Levi, preparando-me para ler a contracapa, quando a menina que estava naquele momento do Stand veio ter comigo para me informar que os livros estavam com 10% de desconto. Perguntou se precisava de ajuda e eu comentei com simplicidade que estava apenas a ver se havia algum livro

Manual para mulheres de limpeza, Lucia Berlin (Alfaguara)

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      O meu irmão ofereceu-me este Manual para mulheres de limpeza de que já tinha ouvido e lido críticas muito positivas. Comecei a lê-lo depois de abandonar alguns livros que tinha iniciado mas que não me apeteceu acabar. Sei que é um direito que me assiste mas que resisto a utilizar sobretudo quando se trata de livros de autores de que gosto. Vou insistindo, lendo diariamente mais umas páginas até que o substituo por outro. Este livro deu-me o álibi perfeito para abandonar aquele que estava a ler: comecei e não consegui largá-lo mais.      Antes de começar a ler os contos, li o Prefácio de Lydia Davis, a introdução de Stephen Emerson, que seleccionou os contos, e a nota final sobre a vida de Lucia Berlin. Este conjunto de textos permitiu-me contextualizar, perceber e sobretudo apreciar mais os contos que li depois, pela ordem que são apresentados.      É a primeira colectânea de contos que leio em que não fico desiludida com o fim precoce de cada história ou com  sentimento

Noite da Literatura Europeia - Lisboa 2017

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           Ontem, 24 de junho, participámos como voluntárias na Noite da Literatura Europeia 2017. Oportunidade de conhecer pessoas que gostam de livros, novos autores e espaços em regra inacessíveis a visitantes.     Foi também a primeira vez que ouvi falar deste evento que, soube depois, nasceu em 2008 em Praga, na República Checa, com o objetivo de dar a conhecer a literatura europeia contemporânea através de curtas leituras em espaços diversificados.  As leituras, com aproximadamente 15 minutos de duração, repetem-se a cada meia hora para permitir que o público possa visitar todos os onze locais e assistir ao programa completo.     As leituras decorreram em diversos espaços entre o Carmo e a Trindade, das 18:30 às 23:30. Nesta edição, participaram 11 autores de 11 países europeus:        Tilman Rammstedt – Alemanha Obra: Amanhã há mais Leitor: Ulisses Ceia Local: Quartel do Carmo da GNR Kathrin Röggla – Áustria Obra: Fake reports Leitores: Daniela Gonçalv

Na pele de uma jihadista, Anna Erelle (Objetiva)

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    Na pele de uma jihadista lê-se de um fôlego. Na Primavera de 2014, uma jornalista cria um perfil falso, o de uma jovem convertida ao Islão, para investigar a rede de recrutamento do Estado Islâmico. É surpreendente a facilidade com que é contactada,  a estratégia que é utilizada e que aparentemente funcionou com centenas de jovens que foram aliciadas e abandonaram tudo para se juntarem à jihad na Síria.      O perfil falso tem um nome - Mélanie Nin - e a fotografia de perfil é uma imagem da princesa Jasmine da Disney. É com esse perfil que divulga o vídeo de Abu Bilel, um jihadista francês de cerca de 35 anos, que exibe o inventário do seu 4 x 4. Nesse mesmo dia recebe várias mensagens do próprio que  começa por lhe perguntar se ela está a pensar ir para a Síria. A partir daí vive uma situação quase esquizofrénica, assumindo ao final do dia a personalidade de Mélanie e colocando o véu para falar com Abu pelo skype, atirando depois o véu para um canto quando desliga a câmara.