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A mostrar mensagens de março, 2017

O vendedor de passados, José Eduardo Agualusa (Edições D. Quixote)

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    É tão bom apaixonarmo-nos por um livro. A este livro cheguei através do filme. Vi primeiro a adaptação ao cinema de Lula Buarque de Hollanda e fiquei fascinada pela história. No final verifiquei que se tratava de uma adaptação de um romance, com o mesmo nome, de José Eduardo Agualusa. Não me recordo detalhadamente do filme, que já vi há algum tempo, mas embora a ação decorresse no Brasil e não em Angola  e os passados e personagens fossem distintos, a história é similar: o passado comprado (criado) transforma a pessoa e torna-se mais real que o passado vivido. Em ambos,  o vendedor de passados é surpreendido pela transformação que se gera no seu cliente,  que incarna a personagem que resultou daquele passado e vai reforçando e consolidando desta forma a sua história.      O que é afinal um vendedor de passados?     (...) vende-lhes um  passado novo em folha. Traça-lhes a árvore genealógica. Dá-lhes as fotografias dos avôs e bisavôs, cavalheiros de fina estampa, senhoras do

The White Princess, Philippa Gregory (Simon&Schuster)

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    Este livro foi uma tremenda deceção. Decidi lê-lo em inglês, no seu original, para conhecer um pouco melhor a escrita da autora, já que só podia ter uma fraca ideia pelas traduções dos outros livros dela que já li ( ver aqui ). Confirmei que não é uma escritora exímia, nem sequer particularmente boa. Ainda assim, mau grado meu, sou uma apaixonada por romances históricos e pela História da Inglaterra em particular. Desde que comecei a ler esta série e visitei a Torre de Londres, ainda fiquei mais curiosa. Quando terminei " A Filha do Conspirador " e, na nota da autora, li que o livro seguinte focaria as teorias em volta dos príncipes desaparecidos, soube que teria de ler esse (este!) romance também. Mas o livro é muito fraco; não queria largá-lo porque queria saber como iria terminar, mas confesso que custou.      Desta vez seguimos o casamento de Elizabeth de York com Henry Tudor, o primeiro Tudor. Elizabeth é a filha do Rei Edward IV e de Elizabeth Woodville ("

O Livreiro de Paris, Nina George (Editorial Presença)

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    Já tinha lido algumas críticas positivas a este livro pelo que comecei logo a lê-lo após o ter recebido. O meu irmão conhece bem os meus gostos e costuma acertar nas escolhas que faz. Uma farmácia literária? Receitar livros  para curar males é uma ideia fantástica, mas que falha na concretização.     Jean Perdu é o proprietário da Farmácia Literária que se encontra instalada num barco atracado no rio Sena, em Paris. Perdeu a mulher que amava há muitos anos e nunca mais voltou a amar. A leitura de uma carta, recebida também há anos, e que não lera então, altera a história que ele tinha vivido e leva-o a soltar as amarras do barco e a partir.     Parte acompanhado de um jovem escritor que perdeu a inspiração e percebemos logo que a viagem será redentora para os dois e como irá  acabar.     Se lemos muitos livros não pela história ou para descobrir o seu fim, mas pelo prazer da leitura, também neste caso não acontece. A leitura deste livro poderia, no entanto, ter a vantagem do

Levantado do chão, José Saramago (Editorial Caminho)

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  Tenho para ler, pousados no baú do meu quarto, vários livros recentemente editados. As livrarias, as revistas, os jornais destacam sempre os livros acabados de publicar. Mesmo os prémios destinam-se a livros publicados no ano, deixando de fora todos os livros já com alguma pátina. Com exceção dos livros e autores premiados  ou que integram os programas escolares, os outros dificilmente conseguirão sobreviver alguns anos, escondidos pelos mais recentes nos escaparates das livrarias. Por isso faço um esforço para ir lendo, de quando em vez, ou mesmo relendo livros com alguma idade.     Levantado do chão, já teve muitas edições posteriores, mas esta que li, embora seja a 2ª edição, é de 1980, ano em que foi publicado. Já o tinha lido provavelmente na altura da edição, mas gostei muito de relê-lo. É um livro extraordinário que narra a vida difícil dos assalariados no Alentejo. A fome, a miséria, o desemprego, mas também a paixão, o amor e a solidariedade passam pelas páginas do liv