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A mostrar mensagens de julho, 2017

Paraísos Artificiais, Paulo Henriques Britto (Companhia das Letras)

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    Foi este o livrinho que me foi recomendado pela simpática rapariga do pequeno stand de livros do Centro Comercial de Alvalade, que já mencionei . Falou-me do autor, brasileiro, que escreve maioritariamente poemas mas que, aqui, se aventura em prosa. E, como ela me prometera, a escrita é maravilhosa. Fiquei amarrada logo na introdução.     ... você está constantemente largando camadas sucessivas de seu ser, desintegrando-se a cada instante de sua existência no espaço; e é por isso que você não é eterno, não pode ser eterno, pelo mesmo motivo que um lápis ou uma borracha não podem ser eternos.     Mas há uma maneira simples de alterar essa situação - quer dizer, não alterá-la objetivamente, o que seria impossível, e sim modificar o modo como você a vivencia (e como você só sabe das situações o que vivencia delas, para todos os fins práticos modificar sua percepção de uma situação é a mesma posa que modificar a situação em si): basta sentar-se na cadeira, pegar um lápis e uma

Os Interessantes, Meg Wolitzer (Teorema)

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    Este romance acompanhou-me durante os últimos dois meses. Surpreendi-me ao aperceber-me disto porque geralmente vou arrastando as leituras que não me despertam o interesse - o que não foi o que aconteceu neste caso. Gostei muito deste livro. Creio que porque conta estórias banais, de pessoas normais que poderíamos ser nós, os nossos amigos e conhecidos. Como tal, não há talvez uma trama que nos mantenha totalmente absorvidos porque precise de ser destrinçada (e entendo que isso para muitos seja dissuasor da leitura) mas antes, cada vez que abria o livro, sentia-me a reencontrar os meus velhos amigos nas suas páginas: a Jules, a Ash, o Ethan, o Jonah, o Dennis.     Apesar de seguirmos um pouco as estórias de todos eles, o foco maior é sobre Jules. Julie, quando o romance começa, que integra o campo de férias no âmbito das artes, Spirit-in-the-Woods, por ter conseguido uma bolsa, e onde conhece o grupo de amigos que fará parte do resto da sua vida - Os Interessantes. No fundo, são

Apaixonados por Livros

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    No Centro Comercial de Alvalade há um pequeno stand de livros, pelo qual passo todos os dias, no meu caminho de ou para o escritório. Nunca lá parara antes de hoje. Percorria sempre as capas com os olhos, mas controlava a vontade de parar, primeiro porque trazia sempre um livro comigo, e depois porque gosto de levar o meu tempo a vaguear pelos livros, sem me sentir pressionada a comprar ou mirada pelos vendedores.     Mas hoje acabei o livro que estava a ler ( “Os Interessantes” , de Meg Wolitzer) e, antecipando o momento em que apanharei o metro de regresso a casa, sem ter o que ler, decidi ver se algum livrinho pequeno me chamava a atenção.     E então parei. E já tinha na mão um livro do Primo Levi, preparando-me para ler a contracapa, quando a menina que estava naquele momento do Stand veio ter comigo para me informar que os livros estavam com 10% de desconto. Perguntou se precisava de ajuda e eu comentei com simplicidade que estava apenas a ver se havia algum livro

Manual para mulheres de limpeza, Lucia Berlin (Alfaguara)

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      O meu irmão ofereceu-me este Manual para mulheres de limpeza de que já tinha ouvido e lido críticas muito positivas. Comecei a lê-lo depois de abandonar alguns livros que tinha iniciado mas que não me apeteceu acabar. Sei que é um direito que me assiste mas que resisto a utilizar sobretudo quando se trata de livros de autores de que gosto. Vou insistindo, lendo diariamente mais umas páginas até que o substituo por outro. Este livro deu-me o álibi perfeito para abandonar aquele que estava a ler: comecei e não consegui largá-lo mais.      Antes de começar a ler os contos, li o Prefácio de Lydia Davis, a introdução de Stephen Emerson, que seleccionou os contos, e a nota final sobre a vida de Lucia Berlin. Este conjunto de textos permitiu-me contextualizar, perceber e sobretudo apreciar mais os contos que li depois, pela ordem que são apresentados.      É a primeira colectânea de contos que leio em que não fico desiludida com o fim precoce de cada história ou com  sentimento