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A mostrar mensagens de novembro, 2017

Nós matámos o Cão-Tinhoso, Luís Bernardo Honwana

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      O que fazer quando perdemos o livro que estamos a ler?     Estive há um mês em Maputo e fui a algumas livrarias à procura de livros da Paulina Chiziane. Tinha falado desta autora  a duas colegas brasileiras que ficaram interessadas, mas não conseguimos encontrar nenhum livro porque, segundo nos disseram, tinham muita procura e esgotavam rapidamente.     Procurei por outros autores moçambicanos e falaram-me de Luís Bernardo Honwana, que há mais de 50 anos escreveu o livro Nós matámos o Cão-Tinhoso e que agora publicou um novo livro A velha casa de madeira e de zinco . Lembrava-me de ter ouvido falar do primeiro livro dele embora nunca o tivesse lido e decidi comprá-lo. Dos sete contos, li apenas o primeiro que dá justamente o nome ao livro e depois perdi-o. Sei que há edições portuguesas e que não deve ser difícil encontrá-lo, até porque integra o Plano Nacional de Leitura. Mas eu queria mesmo era aquele livro, aquela edição.     É fácil perceber a perenidade ou, pelo

A Confissão da Leoa, Mia Couto (Editorial Caminho)

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          O livro começa assim:     Deus já foi mulher. Antes de se exilar para longe da sua criação e quando ainda não se chamava Nungu, o atual Senhor do universo parecia-se com todas as mães deste mundo. Nesse outro tempo, falávamos a mesma língua dos mares, da terra e dos céus. O meu avô diz que esse reinado há muito que morreu. Mas resta, algures dentro de nós, memória dessa época longínqua. Sobrevivem  ilusões e certezas que, na nossa aldeia de Kulumani, são passadas de geração em geração. Todos sabemos, por exemplo, que o céu ainda não está acabado. São as mulheres que, desde há milénios, vão tecendo esse infinito véu. Quando os seus ventres se arredondam, uma porção de céu fica acrescentado. Ao inverso, quando perdem um filho, esse pedaço de firmamento volta a definhar.       Um início extraordinário que o resto do livro não desmerece. Difícil foi parar de roubar frases, de as saborear. Foi por isso que levei tempo a lê-lo.     Como o autor explica, este livro tem por