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A mostrar mensagens de janeiro, 2018

O Barão, Branquinho da Fonseca (Relógio D' Água)

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    Depois de todas as dúvidas suscitadas pelo cartaz afixado na Livraria Galileu, em Cascais, tinha que ler o livro. Começo por confessar o meu desapontamento, que resultou porventura da imensa expetativa que tinha antes de iniciar a sua leitura. Não só pela história criada à volta do filme, mas também em consequência da leitura do prefácio.      David Mourão Ferreira conta como num curso de literatura portuguesa para estrangeiros, das várias obras apresentadas, de diversos autores portugueses, esta foi a única que reuniu o consenso e o entusiasmo dos participantes.     A história é de uma extrema simplicidade em termos de personagens e de tempo. Decorre praticamente numa noite e envolve sobretudo duas personagens, o Barão e um inspetor de escolas que, ali chegado, é convidado a pernoitar em casa do Barão.     O Barão, que alguns comparam ao Drácula, outros a um senhor feudal, é uma daquelas personagens excêntricas, autoritária e ao mesmo tempo atraente, que arrasta o inspeto

Homens sem mulheres, Haruki Murakami (Casa das Letras)

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    Se os dois últimos livros que li fizessem parte de uma ementa, este seria a sobremesa. Uma sobremesa ligeira, agradável, simples, com um toque exótico. Já o anterior, A guerra do fim do mundo , seria o prato principal. Um prato cheio, bem temperado e com acompanhamento. Nem melhor, nem pior, diferentes os dois. E nada me podia saber melhor depois da leitura de A guerra do fim do mundo , cheia de personagens, narradores distintos, histórias dentro da história, que a simplicidade deste livro Homens sem mulheres.      O livro tem 7 contos todos sobre homens sós e a sofrerem com a solidão:     « Todavia, ao recordar a época em que eu tinha vinte anos, o que vem à tona é a minha solidão. Não tinha namorada para me aquecer o corpo e o coração, nem um amigo no qual pudesse confiar. Não sabia o que fazer dos meus dias, era incapaz de imaginar o que o futuro me reservava. Estava sempre fechado na minha concha, ao ponto de passar uma semana sem falar com ninguém. Essa fase durou um a

A Guerra do Fim do Mundo, Mario Vargas Llosa (Livros RTP)

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     A guerra do fim do mundo foi mesmo uma guerra e, pela  descrição do que se passou, parece absolutamente adequada a designação. Eu nunca tinha ouvido falar desta guerra. Comprei o livro atraída pelo resumo na contracapa que começa assim:     " Em finais do século XIX, no Brasil, no sertão da Baía, um vasto movimento popular formado em torno de um místico - António Conselheiro - funda uma sociedade à margem do mundo oficial. O Governo do Rio de Janeiro reage, enviando uma pequena força militar para "repor a ordem". Mas a resistência foi imediata e eficaz, obrigando a tropa a fugir...."     Lido o livro, as suas 620 páginas, tenho que dizer que é um livro fascinante, quer pela história que narra, quer pela forma como o faz. Quanto à história, que é, ainda hoje, um episódio importante da história brasileira, não surpreende o impacto que teve e ainda tem. Para além de integrar o currículo da disciplina de história no Brasil, deu origem a uma extensa biblio

Anna Karénina, Lev Tolstoi (Relógio D'Água)

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    Comecei este romance no final do verão de 2017 e terminei-o na manhã de 1 de janeiro deste novo ano. Demasiado tempo para mim, sobretudo considerando que, (em teoria) só demoro a ler livros que não me mantêm interessada. Não foi o caso. Este livro é muito bom e, sem dúvida, deve ser lido. Mas é enorme. E refiro-me mesmo à parte física; como a maior parte do meu tempo de leitura acontece nos transportes, um livro tão grande e pesado traz alguns problemas de logística. Por isso, arrastei a leitura; mas cada vez que a retomava, queria continuar.     Pensei que houvesse já uma revisão feita, aqui no blogue, mas aparentemente o livro foi lido pela minha mãe em 2009 - antes de o termos iniciado.    Antes de começar a ler tinha já uma ideia dos traços gerais da história de Anna Karénina, por ser o clássico de literatura que é e porque já tinha visto o filme em 2012 (cujo momento alto foi quando uma rapariga atrás de nós comentou, preocupada "Mau...queres ver que isto ainda va