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A mostrar mensagens de fevereiro, 2018

Era tudo tão bom, Linda Grant (Civilização Editora)

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    Não gosto de escrever críticas de livros que não terminei, porque nunca se sabe quando há uma qualquer reviravolta na história que nos surpreende ou agarra. Mas já ia a meio deste livro e... não estava a funcionar entre nós. Foi um relacionamento a que tive pôr fim.     Se tardei a desistir (quase dois meses, o que, já de si, é demasiado tempo para um livro tão pequeno), foi porque a história de fundo parecia muito interessante  e eu queria desvendá-la. Só que já vou sabendo identificar os estilos que gosto e, muito para lá da história, aprecio um livro bem escrito, bem construído e cuja escrita seja bonita - mesmo quando sobre temas feios. Não encontrei isso aqui.     Já tinha lido um livro da Linda Grant, Vidas Entrelaçadas , e lembro-me que gostei bastante. Esse foi outro motivo para tentar manter a chama da leitura. Mas, de facto, a forma como este romance está escrito não me cativou. Não vi passagens bonitas, achei o enredo confuso e, acima de tudo, desorganizado. Parec

Cuidar dos vivos, Maylis de Kerangal (Teodolito)

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   Este livro foi-me emprestado por um amigo, que o recomendou vivamente, e a leitura, desde que comecei a lê-lo, foi quase obsessiva. Qualquer minuto que dispunha, pegava nele para voltar a embrenhar-me na história. A última página sempre marcada. Um livro que nos abala e faz sofrer enormemente e por isso surpreende como não conseguimos parar de o ler. Abandonar a leitura. Interromper quando custa tanto ler:     «( ...) bruscamente vê passando diante de si, o pai e a mãe, os pais do paciente do quarto sete, esse jovem ao qual colocou uma sonda esta tarde, aquele que está morto e que terá os órgãos retirados esta noite, são eles; segue com o olhar a sua marcha lenta até às altas portas de vidro, encosta-se a um pilar para os ver melhor: a esta hora as vidraças transformaram-se em espelho, eles refletem-se nelas como os fantasmas se refletem na superfície dos lagos nas noites de Inverno; são a sombra de si mesmos, dir-se-ia para os descrever, revelando a banalidade da expressão meno

O último dia dum condenado, Victor Hugo (Portugália Editora)

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   Tive oportunidade de ver recentemente a adaptação ao teatro de O Último Dia de Um Condenado , de Victor Hugo, encenado por Paulo Sousa Costa e interpretado por Virgílio Castelo.   Já tinha lido este livro há muitos anos, quando estudava, e decidi relê-lo, sobretudo porque a peça não suscitou em mim a emoção, a intranquilidade que recordava ter sentido aquando da leitura da obra. Confesso que não gostei de algumas opções da encenação/interpretação, sobretudo do facto de o ator - embora muito pontualmente - assumir também o papel do interlocutor, inclusive o da  filha pequena q ue o visita. Penso que é uma opção que não resulta, estragando a intensidade do drama que a personagem vive, especialmente naquele momento.    O livro é um libelo contra a pena de morte. Victor Hugo era opositor à aplicação desta pena e este livro, publicado em 1829, destinava-se justamente a questionar a sua aplicação. O livro escrito na primeira pessoa, por um condenado à morte, assume claramente este

En attendant Bojangles, Olivier Bourdeaut (Gallimard)

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      Em junho do ano passado participei como voluntária na Noite Europeia da Literatura . Nessa qualidade, não tive oportunidade de assistir a todas as leituras que foram feitas. Mas entre as que vi, destacou-se a leitura deste livro, En attendant Bojangles , de Olivier Bourdeaut, por Ana Sofia Paiva, no Museu Arqueológico do Carmo. Foi um momento mágico. Não sei se foi do espaço, da leitura ou da música, mas foi um momento que não esquecerei.     Não sabia que o livro já estava traduzido para português - À espera de Bojangles, Editora Guerra e Paz - e no final do ano passado comprei a edição de bolso, em francês.    Leia-se o livro em francês ou em português, deverá ser acompanhado da música Mr. Bojangles , por Nina Simone. Uma e outra vez e sempre que no livro se dançar ao som desta música.      A história é narrada por uma criança e por excertos do diário do pai. Sabemos no final que foi o pai que escreveu a vida deles, « todos os momentos, os bons e os maus, as danças, as men