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A mostrar mensagens de maio, 2018

História da menina perdida, Elena Ferrante (Relógio D'Água)

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       Acabei hoje de ler o quarto volume da tetralogia A Amiga Genial e antes de partir para umas curtas férias de 4 dias e a lembrança da leitura se desvanecer entre passeios e conversas amigas, decidi, ainda que à pressa, escrever umas notas.     O facto de num dia de férias ter-me levantado mais cedo só para conseguir acabar de ler este livro confirma que se trata de uma leitura apaixonante, mas, não consigo deixar de achar, ao mesmo tempo um pouco decepcionante. Neste volume Elena e Lila são já mulheres maduras e o facto de Elena ter voltado a viver em Nápoles primeiro, e depois no mesmo prédio da amiga, reaproxima-as, contudo numa relação incompreensível para mim, feita de cumplicidade, mas também de ciúmes, invejas e rancores: « (...) ela quer que eu dê aquilo que a sua natureza e as circunstâncias a impediram de dar, e eu que não consigo dar aquilo que ela pretende; ela que se irrita com a minha insuficiência, e por represália me quer reduzir a nada, como fez consigo mes

Historia de quem vai e de quem fica, Elena Ferrante (Relogio d' Água)

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     Já iniciei a leitura do quarto volume, mais uma vez logo depois de acabar o livro anterior. Como se do mesmo volume se tratasse. Acabo um e começo imediatamente a leitura do seguinte, embora me sinta envolvida numa relação ambígua: não consigo parar de ler, mas não sinto que seja uma obra que perdurará ou que justifique a paixão e a projeção que tem tido.     Neste terceiro volume vamos encontrar as duas protagonistas, Lila e Elena, já adultas, com filhos, e ambas trilhando percursos distintos entre si, mas sobretudo distantes da vida que tinham conhecido no bairro onde nasceram e cresceram. Apesar de uma ter partido e outra ter ficado, a vida das duas é, em termos políticos, sociais, económicos e familiares distinta da maior parte das pessoas com que cresceram.      Elena vai para a universidade, publica um livro e casa com um jovem professor universitário oriundo de uma família ligada ao meio académico. Lina separa-se do marido e vai viver com Enzo, um amigo. Durante o

22 DE MAIO - DIA DO AUTOR PORTUGUÊS

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Dia 22 de maio assinala-se o dia do autor português. A data foi instituída em 1982 e  pretende homenagear os autores portugueses, nas diversas áreas, que contribuem  para a cultura e o desenvolvimento da sociedade. Estes são os autores portugueses que já passaram pelo nosso blogue.  Clique no nome para conhecer os livros que lemos de cada um deles ou em “Saber mais” para descobrir um pouco mais sobre a vida e a obra de cada um deles. Afonso Cruz - Saiba mais Alexandra Lucas Coelho - Saiba mais Ana Margarida de Carvalho - Saiba mais Ana Maria Magalhães - Saiba mais Anabela Natário - Saiba mais António Lobo Antunes - Saiba mais Branquinho da Fonseca Camilo Castelo Branco - Saiba mais David Machado - Saiba mais Domingos Amaral - Saiba mais Dulce Maria Cardoso - Saiba mais Eça de Queirós - Saiba mais Filomena Marona Beja - Saiba mais Gonçalo M. Tavares - Saiba mais Isabel Machado - Saiba mais J. Rentes de C

A Boneca de Kokoschka, Afonso Cruz (Companhia das Letras)

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   Mais uma vez, apaixonei-me pela escrita de Afonso Cruz na primeira página - e, ao longo de todo o romance, lá fui dobrando os cantos das páginas onde encontrava passagens particularmente bonitas. Funciono assim. Leio com muito prazer frases bonitas, pela simples beleza delas e mesmo que, por si só, não constituam um acrescento à história que está a ser contada.    «Numa loja de pássaros é onde se concentram mais gaiolas. (...) E algumas estão dentro dos pássaros e não por fora, como as pessoas imaginam. Porque Bonifaz Vogel, muitas vezes, abrira as portas das gaiolas sem que os canários fugissem (...), desviavam os olhos da liberdade, que é uma das portas mais assustadoras. (...) A gaiola estava dentro deles. A outra (...) era apenas uma metáfora. Bonifaz Vogel vivia no meio de metáforas.»     Neste livro, que são dois (um livro dentro de um livro), e que se passa em três partes, a história é, na verdade um novelo que só se destrinça na última página. Não porque envolva um

História do Novo Nome, Elena Ferrante (Relógio D' Água)

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    Mal acabei de ler o primeiro volume da tetralogia, A Amiga Genial peguei no segundo volume, História do Novo Nome , que tem um subtítulo ou um capítulo único: Juventude . É a continuação do primeiro livro, daí que me tenha surpreendido que, tal como no anterior, este livro se inicie com um índice das personagens e com a síntese dos acontecimentos do primeiro volume. Ao contrário de outras obras publicadas em vários volumes, esta não possui autonomia, ou seja, seria impossível ler o segundo livro e compreendê-lo sem ler o primeiro.     A mestria da autora revela-se logo no início, depois de relatar um episódio que se passa um pouco mais tarde, regressamos ao casamento de Lila e à questão que tinha ficado em suspenso quando concluímos a leitura do primeiro livro e que é determinante para perceber as relações que se estendem desde então entre as várias personagens.     Mantém-se a  amizade entre Elena - Lenú - e Lila,  mesclada por outros sentimentos, sobretudo ressentiment

A Amiga Genial, Elena Ferrante (Relógio d' Água)

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       Resisti algum tempo ao fenómeno Elena Ferrante, alimentado pela tetralogia que começa com este livro, A Amiga Genial , e adensado pelo mistério sobre a sua identidade. Quanto à questão da identidade, seja qual for a razão que a justifica, é uma decisão que admiro e respeito, contudo, ao longo da leitura deste livro dei por mim a pensar que este livro tinha sido escrito por uma mulher. Dificilmente imagino um homem a falar por uma adolescente, a compreender tão perfeitamente o que se passa na cabeça de uma jovem, ao longo da sua adolescência. Imaginei também que quem o escreveu, tinha ao lado um diário, ou mesmo uma resma de diários, daqueles que têm um pequeno cadeado, escritos ao longo de anos e que ia consultando enquanto escrevia. É quase impossível pensar que não se trata de um relato autobiográfico, de tão detalhado que é, ideia que é reforçada pelo facto de a personagem principal, a narradora, ostentar o mesmo nome próprio da autora, Elena.    Lido o primeiro livro, n