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A mostrar mensagens de junho, 2018

A mulher de cabelo ruivo, Orhan Pamuk (Editorial Presença)

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    Alguns dias antes do dia da mãe descobri que iria ser editado entre nós mais um livro do Orhan Pamuk, A mulher de cabelo ruivo. Enviei a notícia aos meus filhos, sugerindo-lhes que mo oferecessem. Estraguei a surpresa que me preparavam, porque antes mesmo da sua publicação já o tinham encomendado, mas foi com o mesmo prazer que o recebi.     A história, ou pelo menos a parte inicial, está sumariamente contada na contracapa do livro: um jovem estudante, Cem, vai trabalhar como aprendiz de um escavador de poços antes de se candidatar à universidade. O pai, um militante de esquerda, que já tinha estado preso, deixara depois a mulher e o filho, que passavam então sérias dificuldades financeiras.     O jovem e o escavador de poços, o mestre Mahmut, criam uma ligação muito forte, até porque o jovem pouco se recorda do pai, e está numa fase da vida em que lhe sente particularmente a falta, e o mestre, por seu lado, porque não tem filhos. Para além disso, o isolamento a que estão suj

Escrito na Água, Paula Hawkins (Topseller)

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   Nel Abbott tem, desde pequena, um fascínio pelo rio que rodeia a cidade onde costuma passar férias. Pelo rio e pelas mortes que nele ocorreram, ao longo dos tempos. Mulheres levadas ao desespero ou levadas à força, que deram a vida às águas. Até que chega a sua vez.      O livro começa com a irmã de Nel, Jules, a receber a notícia da sua morte. Regressa então à cidade onde tanto anos antes passara os seus verões e sofrera às mãos da irmã e dos seus amigos; a cidade onde a irmã decidiu passar a viver e onde Jules preferia nunca mais ter de voltar. A casa é a mesma onde passavam férias e era lá que Nel vivia com a sua filha, que tem a certeza que a mãe se suicidou e a deixou por vontade própria.     O livro está escrito ao estilo do primeiro livro da autora, A Rapariga no Comboio , uma vez que vamos conhecendo o desenrolar da história pela voz de diferentes personagens. Tem ainda as curiosidades de se ir passando no presente e no passado, onde vai sendo explorada a relação entre

Uma noite em Lisboa, Erich Maria Remarque (Edições Saída de Emergência)

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   Confesso que para além do autor, foi o título da obra, a menção a Lisboa,  que me atraiu e suscitou curiosidade.     Lisboa, que serve de cenário a esta história, é sobretudo vista como um lugar de passagem, mas, em plena segunda guerra mundial, pelo contraste que oferece relativamente aos restantes países europeus, tem um toque encantatório:    «Embora estivesse em Lisboa há já uma semana, ainda não me habituara à sua iluminação exuberante. (...) Contornámos a Praça do Comércio com o seu aspeto teatral e, passado algum tempo, chegámos a um labirinto de vielas e escadarias inclinadas (...) Cheirava a peixe, alho, flores, sol morto e sono. De um lado, sob a Lua nascente, o Castelo de São Jorge sobressaía na noite, e o luar descia em cascata pelos degraus. Voltei-me e olhei para o porto lá em baixo. Ali estendia-se o rio, e o rio era sinónimo de liberdade e vida; corria para o oceano, e o oceano queria dizer América (...)  De dia Lisboa tem uma qualidade ingénua e teatral que en

A Sociedade Literária da Tarte de Casca de Batata. Mary Ann Shaffer e Annie Barrows (SUMA)

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   Este livro é uma delícia. Não encontro melhor adjetivo para ele. E nada tem que ver com a Tarte da Casca da Batata - esse é apenas um detalhe curioso para um nome ainda mais curioso de uma Sociedade Literária formada durante a ocupação alemã em Guernsey.     Há muitos anos que andava de olho neste livro, desde que, um dia, em busca de sugestões no Goodreads, ele me apareceu como livro recomendado com base nas minhas leituras. Fiquei curiosa com o resumo desde então, e tinha-o marcado como "A Ler". Mas não sabia o título em português e, ainda que tendo pensado em comprá-lo em inglês, acabei sempre por não o fazer.      Pois bem, agora foi adaptado ao cinema e entretanto começou a feira do livro. Estava combinado com a família que veríamos o filme este fim de semana e o livro apareceu-me à frente numa das bancas. Foi demasiado tentador para resistir. E demasiado apelativo para controlar a leitura: interrompi o livro que estava a ler para tentar ler este romance ainda