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A mostrar mensagens de agosto, 2018

Fahrenheit 451, Ray Bradbury (Saída de emergência)

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  É raro ler livros de ficção científica. Não por qualquer preconceito relativamente a este tipo de livros, até porque sou uma aficcionada de livros policiais, considerado por muitos também um género menor de literatura, mas porque, em regra, não aprecio o ambiente em que decorrem.    Comecei, contudo, a encontrar referências a este livro, Fahrenheit 451, em referências feitas noutros livros ou por pessoas que o tinham lido e, ainda, na designação de uma revista brasileira sobre livros, que adotou o nome do livro, Fahrenheit 451.     Provavelmente tudo o que direi sobre o livro já foi dito e lido, a começar pelo título: Fahrenheit 451, corresponde a 233 o Celsius, e é a temperatura a que ardem os livros. Guy Montag, o protagonista, é bombeiro e o seu trabalho é queimar livros - todos os livros -, as casas onde se encontram e até, se se recusarem a sair, os respetivos habitantes. O livro começa desta forma:     « Era um prazer pôr fogo às coisas. Era um prazer especial vê-las a

Para onde vão os gatos quando morrem?, Luís Cardoso (Sextante Editora)

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    Há qualquer coisa de mágico quando lemos um livro no lugar em que a história acontece. Foi o que aconteceu com este livro, cuja leitura iniciei na ilha de Ataúro. Existem lugares que já foram cenário de vários livros e filmes, e é fácil para o leitor visualizá-los, mas há outros que só raramente são mencionados ou usados como pano de fundo de uma história. Nestes casos lê-los, enquanto sentimos o vento e vemos a paisagem que é descrita, ou ouvimos algumas palavras em tétum que são ditas, torna a leitura especial (até a menção repetida aos tokés , que ouvíamos diariamente, sendo que no glossário é referido que se trata de um Lagarto Pactydatilus gottutus que emite um som que se assemelha a toké).     Não aconteceu por acaso. Como já fiz anteriormente, antes de partir de férias para Timor-Leste, fui à Livraria Palavra de Viajante e pedi livros recentes de autores timorenses ou que decorressem em Timor. Com a competência e simpatia de sempre, sugeriram-me dois livros, Dili, a ci

Tudo é Possível, Elizabeth Strout (Alfaguara)

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    Foi com satisfação que, pouco depois de ler O Meu Nome é Lucy Barton , fiquei a saber que seria publicado um segundo livro. Quando terminei de ler o primeiro livro, senti-me perdida, porque queria continuar ali, naquele mundo de Lucy e da mãe e conhecer mais sobre elas e sobre as personagens sobre as quais falavam, evitando falar de si mesmas.     Este segundo livro, Tudo é Possível, explora precisamente isso: cada capítulo é como se fosse um conto individual, seguindo uma personagem em específico de entre aqueles que, num momento ou noutro, passaram pela vida de Lucy. Entretanto, além de Lucy, existe sempre alguma ligação entre as histórias, porque as personagens se conhecem ou cruzam de alguma forma, o que é interessante. Tive, portanto, parte do meu desejo satisfeito. Pude conhecer melhor estas personagens, aparentemente aleatórias nas aventuras que a mãe de Lucy lhe ia contando.     « Ouve! A mãe de Lucy Barton era horrível com ela, e o pai... oh, meu Deus, o pai dela..

A Elizabeth desapareceu, Emma Healey (Marcador Editora, Editorial Presença)

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    A minha irmã trouxe-me este livro, dizendo que era perfeito para ler na longuíssima viagem de avião que me preparava para fazer. E estava certa. Assim que comecei a lê-lo, fiquei refém dele e tive dificuldade em interromper a leitura. A protagonista é Maud, que tem 82 anos e sofre de demência senil. Maud tem por sua conta dois mistérios por resolver: o desaparecimento da sua irmã mais velha, há já cerca de 70 anos, e, mais recentemente, o desaparecimento da sua amiga Elizabeth.     Como sabe que tem problemas de memória, toma nota das coisas que quer recordar em pequenos papeis que guarda nos bolsos ou que deixa em qualquer lado e que vai encontrando ao longo do dia. As notas são, na sua maior parte, sobre a Elizabeth - « Não tenho tido notícias da Elizabeth» ;  «Não há sinal da Elizabeth» ou  «A Elizabeth desapareceu» . E sempre que encontra um bocado de papel com uma destas notas, inicia o processo de procura da amiga. Para além destas anotações, guarda várias coisas na ca