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A mostrar mensagens de dezembro, 2018

Livros lidos em 2018

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    Os livros que lemos e comentámos em 2018 não foram publicados em 2018, salvo duas exceções, A Mulher de Cabelo Ruivo de Orhan Pamuk e O Fiel Defunto de Germano de Almeida.     Não esperamos que os livros tenham sido escritos há mais de 100 anos para os ler, como dizia Jorge Luís Borges, mas preferimos deixar a poeira assentar antes de ler um livro acabado de editar ou procurar nas prateleiras livros velhos ali pousados à espera de serem lidos ou mesmo relidos. Alguns dos livros que comentámos tinham, de facto, mais de 100 anos, como a Anna Karénina de Lev Tolstoi, Dorian Gray de Oscar Wilde ou O Último Dia de um Condenado , de Victor Hugo. Qualquer um deles é um excelente argumento a favor da leitura de livros velhos, amarelecidos pelo tempo. Continuarão a ser lidos mesmo daqui a 100 anos.     Entre os livros lidos em 2018, 7 foram de autores portugueses e 4 de autores de língua portuguesa. Alguns destes livros, apesar do tempo decorrido desde a sua edição, foram uma sur

Um bom homem é difícil de encontrar e outras histórias, Flannery O'Connor (Relógio D' Água)

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    Um Bom Homem é Difícil de Encontrar e outras histórias é um livro extraordinário. Apesar de ser o primeiro conto que dá o título ao livro, termina por ser o mote para este e para os restantes contos. As personagens principais são más, mesquinhas, ridículas ou patéticas. Apenas as personagens secundárias, cujos contorno são muito esbatidos, poderão, eventualmente, fugir a estes predicados.     As histórias decorrem no sul dos EUA, local onde a autora viveu e nasceu, e que parece ser o cenário ideal para estes contos. A primeira história apanha-nos de surpresa, embora o título  nos forneça uma pista para o que irá acontecer. E se as outras histórias já não nos surpreendem da mesma forma, não deixam de nos desconcertar. Com alguns contos, especialmente os dois últimos - Boa Gente do Campo e O Refugiado - senti não só surpresa como até algum desconforto ou inquietação. Talvez porque em ambos os casos sentisse alguma empatia pelas vítimas.    Um retrato cruel da natureza h

Sociedade dividida, Raphael Lima (motoreditorial)

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    Fiquei curiosa com este livro que foi apresentado pela Teresa no âmbito da disciplina Escrita de Viagem, lecionada pelo Paulo Moura. Para o escrever, o autor percorreu e fotografou os países e regiões da ex-Jugoslávia, cerca de duas décadas depois da guerra.     Como ele próprio explica, estava dividido entre regressar a Chipre ou Belfast, onde concebeu o projeto que dá o nome a este livro, ou ir « para a antiga Jugoslávia e entender os motivos que levaram ao colapso do país na década de 1990, após quase quarenta anos sob o comando do Marehal Josip Broz Tito e passados mais de dez anos, após a sua morte, com nacionalismos cada vez mais exacerbados» . Optou pelo último. Começou por Belgrado, capital da Sérvia, justamente a 18 anos sobre o início do bombardeio da NATO. As fotografias mostram uma cidade ainda fortemente marcada pela guerra. Daí, depois de ter assistido a um jogo de futebol, parte para Vukovar na fronteira com a Croácia e que foi o palco de uma das piores batalh

Mil Novecentos e Setenta e Cinco, Tiago Patrício (Gradiva)

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     Primeiro livro que li deste autor, de que ainda não tinha ouvido falar, tendo por isso ficado surpreendida por descobrir na badana que já recebeu (venceu, como é ali referido) diversos prémios. O título, Mil Novecentos e Setenta e Cinco , não nos remete apenas para um qualquer período temporal definido, envia-nos diretamente para uma época agitada no nosso país que se seguiu à revolução do 25 de abril. Para uns será uma viagem a um tempo que não conheceram, para outros um regresso ao passado.     O livro inicia-se com o ano novo e acaba com o “findano”. Horácio regressa à aldeia de Trás os Montes, onde nasceu porque recebeu uma carta da tia a informá-lo que a avó estaria muito doente. E é esse o ponto de partida, o regresso de Horácio, a que se hão-de seguir outros regressos ou chegadas à aldeia, que se encontra espartilhada entre os muito ricos e os pobres.     A descrição das personagens é tão perfeita que nos permite imaginá-las, sentadas à entrada de suas casas ou a m