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A mostrar mensagens de maio, 2019

Chico Buarque

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    Hoje não escrevo sobre um livro, mas sobre um músico e escritor: Chico Buarque, vencedor do Prémio Camões 2019.      Chico Buarque foi escolhido por um júri indicado pela Biblioteca Nacional do Brasil, pelo Ministério da Cultura de Portugal e pela comunidade africana.     Apesar de ser mais conhecido como músico, o Prémio Camões está longe de ser o primeiro prémio que recebe como escritor. Já tinha recebido o Jabuti,  em 2006 por Budapeste e em 2010 por Leite Derramado .     Muito já foi dito sobre o prémio e o premiado mas não encontrei quem discordasse da sua atribuição. Chico Buarque faz parte das nossas vidas, de cá e de lá do Atlântico, e muito especialmente de quem fala, ouve e canta em português. Tive o enorme privilégio de o ouvir em 1980, na Festa do Avante, mas lembro-me dele desde sempre, a ouvir, ainda miúda,  A banda, e, depois do 25 de abril, o extraordinário Meu caro amigo.      Se tivéssemos dúvidas sobre a atribuição do prémio, bastar-nos-ia lembrar de ca

Uma Abelha na Chuva, Carlos de Oliveira (Editorial Caminho)

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     Uma abelha na chuva é um livro marcante, pela história, pelas personagens, pelas paisagens, pelo suspense, até. É um romance clássico, em ambiente neorealista.     E é também um retrato impiedoso de um país atrasado, rural, socialmente estratificado e puritano. A história acontece num curto período de tempo, cerca de três dias, e decorre na zona centro do país. Apesar das diversas personagens que povoam o livro, ocupam espaço central o casal Álvaro Rodrigues Silvestre e a mulher, D. Maria dos Prazeres Pessoa de Alva Sancho Silvestre, Jacinto, o cocheiro deles e Clara, filha do oleiro cego, o Mestre António.     Desde o nascimento da filha, o oleiro  embalava o sonho de sair da pobreza pela mão dela, através do casamento, razão pela qual não aceita o relacionamento desta com o cocheiro. É Álvaro Silvestre quem os denuncia, despeitado pelo que ouvira o cocheiro contar da sua mulher e porque « o ânimo impiedoso irrompia da sombra para saltar sobre o ruivo, que encarnava, por u

Harry Potter e o Cálice de Fogo, J. K. Rowling (Editorial Presença)

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Já ficou claro, creio, que sou fã da saga Harry Potter. Daquelas fãs que cresceram com os livros num momento agora equiparado ao fenómeno Guerra dos Tronos (que, não, não sigo, nem aprecio). Daquelas fãs que aguardavam ansiosamente a publicação do livro seguinte e que o tinham no correio na data de lançamento. E, sim, daquelas fã que, passados 20 anos, continua a gostar de reviver a história. E não deixa de ser curioso o prazer que continuo a retirar desta saga, agora que já sou adulta. Particularmente porque leio com outra atenção, com foco noutro tipo de detalhes. Em parte, também, porque já sei a história de fundo mas há pormenores que ficam esquecidos, sobretudo se vamos revisitando a história apenas por intermédio dos filmes. Ainda assim, tive de rever a minha classificação para este livro, no Goodreads. Lembrava-me que o início do livro, já quando o lera pela primeira vez, sei lá há já quanto tempo, não me cativara. Desta vez, a sensação prolongou-se até perto de

O Gabinete de Charles Dickens em Deventer, Países Baixos

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    Nas minhas primeiras férias deste ano fui passar uma semana aos Países Baixos, local que nunca tinha visitado e que me encantou, com todas as suas paisagens rurais, os canais espalhados por todo o lado, o verde sempre presente e as casinhas baixas e coerentes, por onde quer que passássemos.     No primeiro dia, a visita foi a Deventer, uma cidadezinha que o N. descobriu por acaso enquanto explorava o que poderíamos fazer durante a viagem. Para quem não sabe - eu não sabia - é em Deventer que acontece, no primeiro domingo de agosto, a maior feira do livro europeia, além do Festival de Charles Dickens, em dezembro. Este festival foi iniciado em 1991 por Emmy Bow, leitora deliciada de Dickens, e foi a partir daí e de alguns livros e peças que tinha em sua posse que começou uma enorme coleção votada ao escritor que, atualmente, pode ser visitada no Charles Dickens Kabinet .   Foi com curiosidade que incluí esta cidade e, particularmente, o Gabinete, no nosso itinerário - afinal,