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A mostrar mensagens de agosto, 2019

Contos de Petersburgo, Nikolai Gogol (Relógio D' Água)

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    Há um prazer especial em ler um livro no lugar em que a história decorre. Foi por isso que tendo lido alguns contos deste livro antes da viagem que fiz recentemente a São Petersburgo, reservei a leitura dos restantes para quando lá estivesse. Não resisti a tirar uma fotografia à placa toponímica que assinala o início da Rua Nevski, conhecida como Perspetiva Nevski e que dá o título ao primeiro conto. Explica Carlos Leite, tradutor desta edição, que se conservou  o termo Perspetiva porque a Avenida Nevski de Petersburgo é tradicionalmente conhecida nas literaturas ocidentais pelo seu nome em russo, Perspetiva Nevski.               "(...) Ainda hoje entra-se na Avenida Nevski e é-se como que convidado a participar num longo e infindável cortejo."  Naturalmente não são os mujiques nem os preceptores de todas as nacionalidades que agora a atravessam, mas  a sensação da sua beleza e do cortejo infindável de quem lá passa ainda perdura.     O livro reúne seis contos ex

Como um romance, Daniel Pennac (Asa)

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     Comprei este livro no sebo (expressão utilizada pelos brasileiros para se referir a livros comprados em segunda mão, já lidos, como me ensinou a Teresa Cristina) e, apesar de não ter nenhuma mensagem inicial, nem dedicatória, tem o carimbo de uma biblioteca (o que terá acontecido para se desfazer deste livro?) e as páginas ligeiramente amarelecidas pelo tempo e pela leitura.      Não resisti a comprá-lo, porque são deste autor os 10 direitos inalienáveis do leitor que não hesitámos em colocar no nosso blogue, porque os subscrevemos na totalidade, e por isso relembro-os aqui:     O direito de não ler.     O direito de saltar páginas.     O direito de não acabar um livro.     O direito de reler.     O direito de ler não importa o quê.     O direito de amar os “heróis” dos romances.     O direito de ler não importa onde.     O direito de saltar de livro em livro.     O direito de ler em voz alta.     O direito de não falar do que se leu.    O livro trata

O Invisível, Rui Lage (Gradiva)

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       Se o Fernando Pessoa tivesse fundado uma agência dedicada a investigações ocultistas e paranormais, decerto designar-se-ia Agência Bandarra e Pessoa teria como sócio o seu amigo Augusto Ferreira Gomes.     No romance O Invisível , é isso que acontece. Para além da agência, Fernando Pessoa,  é amante de Hanni Jaeger, que chegou a Portugal com Aleister  Crowley, o mesmo que com a ajuda do poeta e de Augusto Ferreira Gomes simula o suicídio na Boca do Inferno - no local existe uma placa :                              Estamos em 1931, anos depois da revista Orfeu e de outras revistas que funda ou nas quais participa. Fernando Pessoa é um pobretanas, sem um tostão furado, e por isso decide aceitar prestar os seus serviços ao povo de uma aldeia serrana atormentado por ocorrências nocturnas inexplicáveis, juntamente com o seu sócio. Só na viagem demoram perto de doze horas, o que  representava um avanço inegável pois, como refere Pessoa, no início do século, essa era a duraç

Harry Potter e os Talismãs da Morte, J. K. Rowling (Editorial Presença)

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    E chegamos ao fim da saga Harry Potter .    Tal como o livro anterior, Harry Potter e o Príncipe Misterioso, este foi um livro que apenas agora reli (contraste com os demais). Deve-se isto a vários fatores. O primeiro é o facto, também à semelhança do sexto livro, não ter adorado o livro. Desta vez, sim, gostei mais, até porque esclareci várias dúvidas, mas não teve a mesma redenção que o anterior. O segundo fator é que a história chega ao fim; é o momento aguardado - e, enquanto aguardava, sentia saudades e ia relendo os livros que já tinham saído. Por fim, é o livro mais recente, que também corresponde aos filmes mais recentes - e, na minha opinião, com melhores efeitos - pelo que acabam por ser revistos e manter a história presente a ponto de não sentir necessidade de a revisitar. Desde já digo que isto é um erro. Se houve coisa de que me apercebi nesta jornada de visita ao passado é que há tanta, mas tanta coisa relevante ou até mesmo simplesmente interessante que foi deix

Mensagem de uma Mãe Chinesa Desconhecida, Xinran (Bertrand Editora)

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    Foi na Feira do Livro de Lisboa do ano passado que comprei este livro, e tem estado na minha estante desde então. Não é o primeiro livro que leio de Xinran - apesar de, pelos vistos, essa leitura ter sido anterior ao início deste blogue. A demora, neste caso, deveu-se ao facto de saber de antemão que seria um livro que, embora quisesse ler, me ia ser difícil fazê-lo.     E foi.    Como a própria autora explica, « Neste livro irá conhecer histórias dramáticas que narram o que tradicionalmente acontecia às bebés abandonadas e aquilo que continua a acontecer. [...T]omei a decisão de que, por muito que me custasse, iria escrever as histórias que tinha guardado durante tanto tempo. [...] Todos os nomes de pessoas e lugares foram alterados neste livro, de modo a salvaguardar a privacidade das mães biológicas. Contudo, as histórias são todas verdadeiras. »       Xinran partilha com os seus leitores dez histórias de mães que tiveram, de alguma forma, de abdicar das suas filhas, e