Mensagens

A mostrar mensagens de outubro, 2019

Romeu e Julieta, William Shakespeare (Planeta Agostini)

Imagem
Estátua de William Shakespeare, no túmulo de Julieta, Verona (o livro era meu - não resisti!)     Este verão fui conhecer Verona. Era um sonho de há muito e adorei cada momento e cada paisagem. É uma cidade linda, muito romântica, e que vale mesmo a pena conhecer.    E porque viajo sempre acompanhada de livros, não pude deixar de levar comigo aquela que é a mais conhecida obra de William Shakespeare - Romeu e Julieta. Afinal, não é maravilhoso ler um livro estando no cenário em que a história decorre? Posso dizer que sim, é!     Este é um livro que já tinha lido e que, ainda agora, ao reler, digo que adoro - não tanto pela história em si, mas pela escrita linda. Acredito que a ótima tradução ajude.      A trágica história de amor entre Julieta Capuleto e Romeu Montequio é sobejamente conhecida; poucos, porém terão lido a obra teatral que a universalizou. Menos ainda saberão que a obra não foi criada por Shakespeare, mas sim que o escritor e dramaturgo fez a sua própria adapt

Os Reinos do Norte, Philip Pullman (Presença)

Imagem
    Já passaram uns bons anos desde que o meu irmão me estendeu este livro e me disse «Lê. Vais gostar.». E apesar de ele nunca ter lido nenhum dos livros que eu lhe apresentei com a mesma frase, a verdade é que gostei - deste e dos dois que se lhe seguiram.     Há uns anos, foi feita uma adaptação para o cinema que deixou muitíssimo a desejar (tanto que os outros dois livros da trilogia não chegaram a ser adaptados); agora, foi anunciada uma série, pela mão da HBO e da BBC. Decidi que estava na altura de reler - e, pelo caminho, batizei a minha gata com uma versão «aportuguesada» do nome da protagonista: Lira.          Na trilogia, Lyra Belacqua é uma jovem de 12 anos que vive num colégio de eruditos, que a acolheram aquando da morte dos pais.      « Ela era uma pequena selvagem, a maior parte do tempo. Mas sempre tivera uma intuição obscura de que isto não constituía a totalidade do seu mundo; que uma parte da sua vida também pertencia à grandiosidade e ao ritual do Colé

A Gorda, Isabela Figueiredo (Caminho)

Imagem
         Quando comecei a ler este livro, A Gorda, tive a sensação que temos quando abrimos uma revista já com alguns anos, ou um álbum de fotografias de um amigo e descobrimos imagens que reconhecemos de quando éramos crianças ou jovens. A identificação que nos leva a dizer que tivemos uma camisola exatamente igual à da imagem ou um corte de cabelo parecido. Ou que também estivemos ali, naquele lugar que é agora o cenário de uma fotografia amarelecida. E essa identificação é parte do interesse que a leitura desta história suscita, reforçado ainda pela indicação dos lugares, das terras em que Maria Luísa, a protagonista, vive, estuda e, mais tarde, trabalha ou passa férias, o que me parece cada vez menos comum nos livros publicados entre nós.     Também me pareceu curiosa a estrutura, baseada nas divisões da casa (Porta de entrada, Quarto de solteira, Sala de estar, Quarto dos papás, Cozinha, Sala de jantar, Casa de banho e Hall) e nas quais viajamos entre o passado e o presente

Luanda, Lisboa, Paraíso, Djaimilia Pereira de Almeida (Companhia das Letras)

Imagem
  Custa-me sempre recuperar de um bom livro. De um mau livro ou pelo menos de um de que não goste, recupero facilmente. Nalguns casos abandono-o a meio, mas mesmo que chegue ao fim, quando viro a última página, já o começo a esquecer e só desejo começar um novo. Mas quando chego ao fim de um livro de que gostei, sou tentada por vezes a reler algumas partes e demoro, indecisa, a encontrar nova leitura, como se aquele outro não me abandonasse imediatamente.     É o que está a acontecer com este Luanda, Lisboa, Paraíso. Comprei-o recentemente no Festival Literário Língua Mátria e logo que folheei as primeiras páginas apaixonei-me pela escrita. Poesia disfarçada de prosa:       " (...) Seria mentira dizer que as últimas vezes são os nossos anjos-da-guarda." (pg. 29)     "(...) As suas mãos haviam-se feito brancas e assim seriam quando morresse. A obra e não o nascimento tinham-no tornado da cor do pai, que nunca mais tinha visto. A vida fizera dele um albino do dest

The Madonnas of Leninegrad, Debra Dean

Imagem
        Uma amiga perguntou à guia que a acompanhou na visita que fez ao Hermitage, em São Petersburgo, se lhe indicava um livro sobre a cidade e, especialmente, sobre o cerco de Leninegrado. É uma realidade de que pouco ouvimos falar, embora esteja ainda muito presente, mesmo nas gerações mais jovens que lá vivem. Anos terríveis de provação, mas simultaneamente de um enorme apego à vida e à preservação da memória.      Só isso explica que centenas de pessoas se tenham dedicado a retirar e a guardar as obras de arte, no Hermitage e noutros museus e palácios. É referido no livro que as guias no Hermitage decoravam as obras de arte e as respetivas localizações e, apesar das molduras vazias que permaneciam nas paredes, faziam visitas guiadas tão completas que sensibilizavam os visitantes. É também durante o cerco que Shostakovich compõe a Sinfonia n.º 7, também conhecida como a Sinfonia de Leninegrado , estreada em agosto de 1942. A sinfonia foi executada pelos músicos sobrevivente