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A mostrar mensagens de fevereiro, 2020

O custo da vida, Deborah Levy (Relógio D'Água)

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    Recebi este livro no Natal. Não conhecia a autora, nem tinha lido qualquer crítica ao livro. Confesso que o início da descrição na contracapa não me seduziu particularmente:    " Um manifesto moderno, vital e empolgante sobre as políticas do feminismo. .."     Não me apetecia ler um manifesto (apesar de não perceber exatamente o que se pretende dizer com esta indicação) mas "O Custo da Vida" não é, nem me pareceu que tivesse sequer essa intenção, embora seja uma reflexão  sobre o papel da mulher na sociedade atual e, sobretudo, nas relações familiares e no casamento.      Logo no início do livro, fala num colega que se esquecia da maior parte dos nomes das mulheres que conhecia em ocasiões especiais ( Quem somos nós, afinal, se não temos um nome? ),  mais à frente fala num homem que conhece no comboio que fala na esposa sem a nomear, contudo, ela opta por nunca nomear os homens de que fala e que designa como "o meu melhor amigo" ou "o hom

Os Últimos Sete Meses de Anne Frank, Willy Lindwer (Vogais)

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    Não posso deixar de apresentar este livro como ele se me apresentou, ou seja, com uma passagem da contracapa:     « Em 1988, Willy Lindwer, cineasta holandês, realizou um documentário televisivo intitulado Os Últimos Sete Meses de Anne Frank , pelo qual receberia um Emmy. Impressionado com as entrevistas que levou a cabo com seis mulheres que viveram e partilharam com Anne Frank os dias de horror nos campos de concentração nazis, Lindwer deciciu publicá-las integralmente, dando origem a este livro .»     Se fiquei curiosa porque, claro, li o Diário de Anne Frank ainda em miúda (versão inicial e versão alargada, publicada posteriormente), e queria saber o que acontecera a seguir à sua captura, não esperava que este livro me tocasse tanto. Como o autor relata no Prefácio: « Este livro é, portanto, acima de tudo, um registo histórico da coragem das mulheres que aqui contam as suas experiências dramáticas. [...]     [F]oram precisas muitas conversas preliminares antes que estas e

Cebola crua com sal e broa, Miguel Sousa Tavares (Clube do Autor)

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    Li recentemente partes do livro Sophia de Mello Breyner Andresen de Isabel Nery. Um livro interessante que desvenda a personalidade e a vida de Sophia, para além dos muitos aspetos que são do domínio público. Fiquei com curiosidade de ler este livro sobretudo pelos cruzamentos com o anterior.          Mas confesso que, mesmo não sendo as expetativas muito elevadas, foi uma desilusão. Logo na contracapa pergunta o seguinte: Pode um homem viver impunemente começando a sua infância numa aldeia do Marão, comendo cebola crua com sal todas as merendas? Ora, o "menino Miguelinho" como era designado, não comia esta merenda porque não houvesse mais que comer na casa dos tios onde viveu alguns anos, mas porque gostava. Tal como gostava de comer com os trabalhadores agrícolas na casa, onde para além dos tios havia ainda o pessoal doméstico - a cozinheira, as ajudantes, as raparigas da casa (uma por cada membro da família). Fico por isso sem perceber a questão. Se queria falar

Os Sertões, Euclydes da Cunha (Grandes Nomes do Pensamento Brasileiro)

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    Depois de ter lido " A Guerra do Fim do Mundo " de Mario Vargas Llosa fiquei com curiosidade de ler este livro , Os Sertões, publicado em 1902.     Euclydes da Cunha, o autor, cobriu a guerra de Canudos como correspondente do jornal O Estado de S. Paulo e mais tarde publicou este livro que fascinou Mario Vargas Llosa e outros autores, como Sándor Márai, que escreveram igualmente livros sobre esta guerra. Este último, autor de Veredicto em Canudos , depois de ler Os Sertões , disse que era como se tivesse lá estado.     Uma amiga trouxe-mo do Brasil, tendo comprado-o no sebo (em 2.ª mão), designação tão expressiva que não carece de explicação.       Confesso que não foi fácil de ler e que usei o meu direito de leitora de saltar páginas.      Conforme é referido no Guia de leitura, no final da edição, Os Sertões faz parte do ensaio de interpretação do Brasil, daí que o autor comece por descrever a terra, o clima e a geografia, depois o homem, o jagunço e o se