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A mostrar mensagens de março, 2020

Sinais de vida, cartas da guerra 1961-1974, Joana Pontes (Tinta da China)

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    Ouvi falar deste livro por acaso e fiquei logo com vontade de o ler. Através dele e da Joana Pontes fiquei a saber que já houve projetos que visavam assegurar a conservação da correspondência trocada durante a guerra colonial, como o Projeto Recolha, mas que não foram porventura suficientes para garantir que uma parte não se perca, na Feira da Ladra ou em caixotes de lixo de qualquer casa desmanchada. Por isso estes Sinais de Vida é tão importante     Como é dito no prefácio, de Aniceto Afonso, " (...) Toda a população masculina nascida entre 1940 e 1954 esteve, de uma forma geral, sujeita a mobilização militar para cumprir serviço num dos territórios em guerra - Angola, Guiné ou Moçambique.     Mas todos os outros portugueses  acabaram por ser envolvidos pelo ambiente social resultante da guerra. Essa relação aumentou sentimentos, influenciou opiniões, provocou ansiedades e desespero. Todos, mobilizados ou não, viveram os dramas uns dos outros, familiares, amigos, vizi

A Peste, de Albert Camus, e a situação atual

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    Já se tornou um lugar comum a propósito da situação que vivemos citar este livro de Albert Camus. Tenho estado a relê-lo, sem seguir a disciplina imposta pela ordem das página. Abro-o ao acaso, entre outras leituras ou outras afazeres, e fico sempre impressionada pela sua atualidade. Premonitório? Tanto quanto sei, não vivenciou durante a sua vida qualquer situação similar. A Peste foi publicada pela primeira vez em 1947. Não resisto a publicar um excerto a que provavelmente se seguirão outros:     Mas mesmo nisso, contudo, a reação do público não foi imediata. Com efeito, o anúncio de que a terceira semana de peste contara trezentos e dois mortos não falava à imaginação. Por um lado, talvez nem todos tivessem morrido de peste. Por outro lado, ninguém na cidade sabia quantas pessoas morriam habitualmente por semana. A cidade tinha duzentos mil habitantes. Ignorava-se e esta proporção de mortes era normal. É mesmo o género de precisões com que nunca nos preocupamos, apesar do

A missão, Ferreira de Castro (Livros de Bolso Europa-América)

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    A semana passada fui à feira do livro da Snob na Cossoul , antes daquela mudar para as novas instalações e, entre os muitos livros que estavam à venda, encontrei, numa pilha de Livros de Bolso Europa-América, "A missão". De Ferreira de Castro só li - e há muitos anos - Emigrantes. Tinha vontade de ler outros livros dele e por isso comprei este que comecei a ler imediatamente.      É o quinto livro desta coleção, foi editado em 1971 e este exemplar teve pelo menos um dono anterior que o carimbou (nome e morada) na primeira e na última página (o que terá levado a que se deixasse de carimbar o nome ou o ex libris nos livros?)     A missão é uma novela passada numa pequena aldeia francesa durante a II Guerra Mundial e narra o dilema vivido pelo Superior que não sabe se deverá determinar a pintura da palavra Missão no telhado evitando desta forma a confusão com uma fábrica próxima e o possível bombardeamento pelos aviões alemães. Contudo, se a Missão for assinalada, pro