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A mostrar mensagens de abril, 2020

O Velho que lia romances de amor, Luís Sepúlveda (Edições Asa)

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    Reler O Velho que lia romances de amor deu-me um imenso prazer. Interrompi o livro que estava a ler, e da China voei até à Amazónia para esta pequeníssima história de amor.     Lembrava-me muito bem das personagens, do velho, Antonio José Bolívar Proaño e do dentista, doutor Rubicundo Loachamín, que odiava o Governo. Juntamente com a mulher do velho (Dolores Encarnación del Santísimo Sacramento Estupiñán Otavalo), são as únicas personagens que têm nome completo e que são quase sempre designados pelo nome completo. Na sua maioria, as restantes personagens não são sequer individualizadas, são os jíbaros, os xuar, os garimpeiros, os gringos...     Quanto ao lugar onde decorre, El Idilio, tentei procurar mas não consegui confirmar se de facto existe ou é um lugar - idílico - inventado pelo autor.     O que não me recordava é do facto de o velho ler romances de amor e o dentista estar em El Idilio no princípio desta novela serem absolutamente irrelevantes para a história central

Luís Sepulveda, que escrevia romances de amor

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    Li muitos dos livros de Luís Sepúlveda, quase todos nos anos noventa do século passado. Dito assim, parece uma eternidade, contudo retenho a lembrança da maioria deles. Reparo agora que a edição de " O velho que lia romances de amor " é de 1999, e é a 14.ª. Quantas mais terá havido? De outros livros dele também tenho reedições, " Encontro de Amor num País em Guerra ", " Diário de um Killer Sentimental ", " Mundo do Fim do Mundo " ou " O General e o Juiz ", o  que significa que era um escritor muito amado entre nós.     Em janeiro deste ano, Café com Letras, uma iniciativa da Biblioteca Municipal de Oeiras, convidou Luís Sepúlveda para uma conversa, com moderação de Ana Daniela Soares. Quando chegámos à Biblioteca, um pouco antes da hora marcada, vimos que os lugares já se encontravam praticamente todos tomados. Funcionários da Biblioteca deslocavam mesas e juntavam cadeiras para acrescentar mais lugares e, entretanto, conti

Alias Grace, Margaret Atwood (Virago)

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    Como fã que sou da série da Hulu, The Handmaid's Tale , baseada no romance homónimo de Margaret Atwood, ao saber que a Netflix ia estrear uma série baseada num outro romance da autora, Alias Grace , decidi que, desta vez, conheceria primeiro o original.     E foi na língua original que optei por lê-lo.     É um livro que se lê muito bem, de escrita simples, e, como eu gosto, com base em factos reais. Nos anos 1840, Grace Marks ficou conhecida pelo seu potencial envolvimento no homicídio do patrão, Mr. Kinnear, e da sua governanta, Nancy Montgomery. A culpabilidade nunca foi totalmente esclarecida. Sabe-se que Grace esteve presente durante os homicídios, mas não se participou neles ou se foi meramente uma testemunha. James McDermott, que foi considerado culpado e condenado a morte por enforcamento, trabalhava na mesma casa e, na sua confissão, envolveu definitivamente Grace. Aliás, foram ambos encontrados numa estalagem em Lewiston, presos e levados juntos de volta a Toron

a Peste, Albert Camus (Edição Livros do Brasil)

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   "(...) Houve no mundo tantas pestes como guerras. E, contudo, as pestes, como as guerras, encontram sempre as pessoas igualmente desprevenidas."         Há anos passei por uma fase Camus. Li todos os livros dele que encontrei, bem como análises e recensões sobre a sua obra.      Quando a pandemia se instalou só me lembrava deste livro, A Peste. Mal comecei a lê-lo, surpreendeu-me a atualidade e a exatidão do mesmo. Não sei como poderei definir de outra forma, mas se é inevitável que numa situação de epidemia/pandemia as autoridades sanitárias reajam de uma determinada forma, isolamento das pessoas doentes e das áreas contaminadas, afetação de espaços públicos para albergar os doentes, não deixa de surpreender que, quase passo a passo, a reação das pessoas seja também similar, mal grado a distância do tempo e do espaço. A Peste decorre em Orão, na Argélia, após a segunda guerra mundial.     "(...) Com efeito, o anúncio de que a terceira semana de peste conta