Mensagens

A mostrar mensagens de maio, 2020

As Filhas do Capitão, Maria Dueñas (Porto Editora)

Imagem
                               Gostei muito de ler o livro " O tempo entre costuras " de Maria Dueñas, passado entre Marrocos, Espanha e Portugal, na primeira metade do século XX. Gostei igualmente de ver a adaptação ao écran desta obra, com a participação de atores portugueses e rodado parcialmente em Portugal. Os livros que Maria Dueñas escreveu e publicou entretanto não me seduziram, ou pelo menos a sinopse na contracapa - e as folhas que li furtivamente - não me interessaram.     Afinal há tantos livros para ler e tão pouco tempo para o fazer....     Mas este livro, "As Filhas do Capitão", pareceu-me distinto ou, por outra, mais idêntico ao primeiro. A ação decorre nos anos trinta do século passado, em Nova Iorque, onde chegam a mulher e as três filhas, adultas, de Emilio Arenas, que já tinha emigrado uns anos antes. Pouco depois de chegarem, o pai morre num acidente no porto e elas têm de sobreviver numa cidade que desconhecem e numa língua de que têm um conhe

De que falamos quando falamos de amor, Raymond Carver (Editorial Teorema)

Imagem
    Já tinha lido "De que falamos quando falamos de amor" há muitos anos. Recentemente uma amiga disse-me que tinha perdido este livro e queria muito recuperar justamente esta edição, o que foi possível e de forma muito acessível na Déjà lu.      Devido ao confinamento, não pude entregar-lhe o livro e aproveitei para relê-lo. À medida que o lia apercebia-me de semelhanças da escrita de Carver com a escrita de Flannery O'Connor, e ainda que os contos de ambos acabam no momento certo. Aquelas personagens, aquelas histórias terminam ali. Nos contos de outros autores sinto muitas vezes que poderiam continuar, que o fim é uma escolha arbitrária do autor. Ao contrário, os contos de Carver e de Flannery acabam quando têm de acabar, quando seria impossível continuar. Há um enorme desespero na maioria dos contos, são quase as palavras das imagens de Hooper. Imaginamos gente solitária, desesperada, pobre. Com medo. Aliás este sentimento aparece em quase todos os contos. Temos

O anjo literário, Eduardo Halfon (Cavalo de ferro)

Imagem
    Comprei este livro quase por acaso, na feira do livro da Snob na Cossoul , antes daquela mudar para as novas instalações. Não conhecia o autor, nem nunca tinha ouvido falar deste título que jazia numa pilha de livros, mas bastou-me ler a contracapa para ficar com curiosidade:     " (...) Porque é que alguém começa a escrever? Existirá o momento da primeira inspiração literária, de um despertar narrativo?"     O autor, guatemalteco, Eduardo Halfon, desvenda os primeiros passos de alguns dos seus escritores favoritos, Herman Hesse, Ernest Hemingway, Raymond Carver, Ricardo Piglia e Vladimir Nabokov. O anjo literário é a imagem que escolhe para iustrar a inspiração ou, melhor ainda, para o que designa de detonadores literários :     " (...) O anjo literário - anjo caído, talvez luciferino, mas anjo, no fim de contas - não tem horários fixos, nem momentos planificados. Voa por cima de um infeliz qualquer quando lhe apetece e ponto. Às vezes, esse anjo é percept

As Irmãs Soong, Jung Chang (Quetzal)

Imagem
    Desta autora, Jung Chang, li Cisnes Selvagens, provavelmente no ano em que foi editado em Portugal, em 2009. É um livro inolvidável. Aprendemos a história da China através da vida e dos olhos de três mulheres de três gerações, a avó, a mãe e ela própria, Jung Chang. Não li entretanto outros livros dela que foram traduzidos e editados em Portugal, mas não resisti a incluir este na lista de prendas do Pai Natal, que sabiamente correspondeu.     Também neste livro se trata da história de três mulheres, as irmãs Soong - as três irmãs de Xangai -. A mais velha, Ei-ling, tornou-se uma mulher riquíssima e ao longo da vida foi manipulando as pessoas, em especial a irmã mais nova, sempre em defesa da família. A segunda, Ching-ling, casou-se com Sun Yat Sen e teve depois lugar de proeminência durante o regime de Mao. A terceira, a irmã mais nova, May-ling casou com Chiang Kai-shek, nacionalista e que terminou por ser derrotado por Mao, passando a viver e a controlar Taiwan. Na contra-capa