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A mostrar mensagens de novembro, 2020

O Infinito num Junco, Irene Vallejo (Bertrand Editora)

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     Não me lembraria de comprar este livro se não me tivesse sido recomendado pela Livraria do Viajante. Como levo muito a sério as recomendações que lá me fazem, vim com o livro debaixo do braço, apesar de ostentar uma cinta que, entre elogios de Mario Vargas Llosa, Juan José Millás e Alberto Manguel, dizia que o livro tinha sido um fenómeno de vendas em Espanha e o livro mais lido do confinamento. Aprendi a desconfiar destes encómios e a preferir livros que já ganharam algum pó nas estantes. Mas neste caso não me arrependi.      A priori parece-me extraordinariamente arrojado escrever sobre a invenção do livro na antiguidade, mas  é fascinante ver como a autora consegue fazê-lo como se nos contasse uma história que vai interrompendo e misturando com histórias pessoais e excertos de livros de autores atuais. O Infinito num junco começa, no prólogo, com grupos de homens a cavalo a percorrer os caminhos da Grécia, o que causa desconfiança e medo nos camponeses, mas o que estes cavalei

Papá Goriot, Honoré de Balzac (Edição Amigos do Livro)

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    Lembro-me de o meu pai perguntar aos meus irmãos e a mim, se aceitaríamos matar um mandarim, já velho e sem família, residente algures na China, sem sairmos de casa. Em troca, receberíamos a sua fortuna. Este dilema era quase sempre acompanhado de novas condições, ele não só era muito velho como estava muito doente ou ninguém sentiria a sua falta porque ele era uma pessoa muito desagradável ou mesmo um criminoso. Penso que a nossa resposta foi sempre negativa. Coloquei esta mesma questão aos meus filhos que também responderam negativamente.     Pensava que este dilema tinha sido criado por Eça de Queiroz na novela justamente intitulada O Mandarim. Foi por isso com surpresa que encontrei neste romance esta mesma questão:     « [...] o que faria no caso de poder enriquecer ao matar, por sua exclusiva vontade, um velho mandarim da China sem sair de Paris? [...]     - Não brinques. Vamos se te provassem que a coisa é possível e que te bastará um gesto com a cabeça que farias?     -