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A mostrar mensagens de janeiro, 2021

Os Olhos dos Condenados, Eugenia Almeida (ASA)

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    O ano que passou foi, penso que para todos, muito estranho. Entre confinamentos, layoffs , mudança de casa e gravidez, foi, também, o ano em que praticamente não li. Havia sempre qualquer coisa mais urgente, ou o livro que tinha em mãos não me chamava como eu gostaria, por vezes as duas razões em simultâneo.     Por isso, fiquei muito feliz por, no virar do ano, ter encontrado, por acaso este livrinho na estante dos meus pais. Não é a primeira vez que, ao passar os olhos pelas lombadas da estante do sótão, encontro um livro que lá ficou esquecido, só começado, e que me apaixona. Foi assim com o romance de Kazuo Ishiguro, Nunca Me Deixes , e foi assim com este, de Eugenia de Almeida, Os Olhos dos Condenados.         Numa pequena terra argentina, em plena ditadura militar, uma linha de comboio separa os ricos dos pobres. Acima da linha, um hotel, um cabeleireiro, a esquadra, as casas grandes. Abaixo, os pobres, as mulheres da vida, os ladrões. E o advogado, Dr. Ponce, que contraria e

Olhos de caçador, António Brito (Sextante Editora)

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    Olhos de caçador é apresentado como o romance da face desconhecida da Guerra Colonial. Apesar de editado em 2007, já conta com várias reedições. É narrado na primeira pessoa, pelo Zé Fraga, um jovem, mobilizado para combater na guerra colonial em Moçambique. Nascido nas beiras, na zona raiana, cresceu a contrabandear e a levar emigrantes a salto, o que o torna especialmente apto para várias missões durante a comissão.     O livro abre com um curtíssimo capítulo "Aquele que um dia foi soldado" e começa da seguinte forma:     "Passou muito tempo desde que matei um homem pela primeira vez."      Começando pelo fim, pelo tempo presente, no qual Zé Fraga é um sem abrigo, com uma prótese, ficamos logo cientes das histórias que se seguirão e do tom das mesmas:     "Não sei se é sono ou um lento pingar  da memória pelas fendas da vigília que me projecta lá para trás, levando-me de novo aos dias do Niassa e à glória dos tiroteios com os pretos nas matas de Cabo De