Os Olhos dos Condenados, Eugenia Almeida (ASA)
O ano que passou foi, penso que para todos, muito estranho. Entre confinamentos, layoffs , mudança de casa e gravidez, foi, também, o ano em que praticamente não li. Havia sempre qualquer coisa mais urgente, ou o livro que tinha em mãos não me chamava como eu gostaria, por vezes as duas razões em simultâneo. Por isso, fiquei muito feliz por, no virar do ano, ter encontrado, por acaso este livrinho na estante dos meus pais. Não é a primeira vez que, ao passar os olhos pelas lombadas da estante do sótão, encontro um livro que lá ficou esquecido, só começado, e que me apaixona. Foi assim com o romance de Kazuo Ishiguro, Nunca Me Deixes , e foi assim com este, de Eugenia de Almeida, Os Olhos dos Condenados. Numa pequena terra argentina, em plena ditadura militar, uma linha de comboio separa os ricos dos pobres. Acima da linha, um hotel, um cabeleireiro, a esquadra, as casas grandes. Abaixo, os pobres, as mulheres da vida, os ladrões. E o advogado, Dr. Ponce, que contraria e