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A mostrar mensagens de março, 2021

Quanto mais depressa ando, mais pequena sou, Kjersti Annesdatter Skomsvold (Eucleia Editora)

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      Encontrei este livro “Quanto mais depressa ando, mais pequena sou”, por acaso, nos Livros Dona Ajuda , entre livros empilhados e outros já empoleirados em estantes. Não precisei de ler o que aparece na contracapa para me decidir a trazê-lo, embora nunca tivesse ouvido falar do livro, nem da autora (cujo nome ainda agora hesito em pronunciar:  Kjersti Annesdatter Skomsvold).     "(...) e gostaria de poder poupar o pouco que tenho de vida até saber o que fazer com ela. Mas não vale a pena, teria de ficar no congelador, e só temos um daqueles pequenos compartimentos de refrigeração no topo do frigorífico.”     Mas o grande problema é a marca que deixará, o que a leva a preparar uma cápsula do tempo e até a pensar escrever o próprio obituário para o jornal publicar aquando da sua morte, como prova da sua existência. Epsilon, o marido, que conheceu quando um raio a atingiu, e que um dia lhe diz que ela não conhece ninguém para além dele, tem todos os números do anuário de estatís

O Assassino Tímido, Clara Usón (Teodolito)

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    Ao longo da leitura de O Assassino Tímido, fui mudando a minha opinião sobre a história e sobre a escrita, desatada, como a autora a classifica. Gostei muito do início, com que me identifiquei:     "Fui jovem numa época em que o futuro parecia também jovem e novo, não um mero prolongamento de anos tristes que se arrastavam e cheiravam a pó e reclusão.     (...) Queríamos divertir-nos, queríamos ser modernos (por oposição aos nosso pais, esses filhos de Franco, a quem chamávamos "velhos"), queríamos experimentar tudo, queríamos ser europeus!, e não, não tínhamos medo nenhum da morte, parecia-nos que a nossa juventude nos tornava invulneráveis, mas a vida supreendeu-nos, alternando os funerais dos nosso amigos com os dos nossos avós."   Afinal, também vivemos numa ditadura de que nos libertámos pouco tempo antes dos espanhóis. A minha geração - que é a mesma da autora, Clara Usón - viveu igualmente a juventude sob o signo da libertação e do desejo da modernidade e

As Ondas, Virginia Woolf (Relógio D'Água)

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      Acabei de ler As Ondas. Não me vou perder na sua classificação, se se trata de um romance, de novela, de teatro, de prosa ou de poesia. Acho que é um pouco de tudo. Não sei quanto tempo Virginia Woolf levou a escrevê-lo, mas imagino que tenha sido uma escrita lenta, pausada, feita e desfeita. E a leitura também tem de ser deste modo, demorada, como se mastigássemos as palavras, ou antes, as ruminássemos. Porque não sendo uma leitura fácil, não conseguimos deixar de nos encantar com as palavras e de nos identificar em muitas passagens. De sentir que foi mesmo assim que nos sentimos ou que também pensámos isso ou vivemos aquilo.     Não tem capítulos, mas, como se tudo decorresse num dia ou ao longo de uma vida, há nove separadores com letra em itálico que descrevem o percurso do sol, a luz do dia: O sol ainda não nascera. O sol ergueu-se mais ainda. O sol ergueu-se. O sol já não repousava sobre o manto de águas verdes. O sol atingira o ponto mais alto do seu percurso. O sol já