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A mostrar mensagens de abril, 2021

Birras de Mãe, Isabel Stilwell e Ana Stilwell (Livros Horizonte)

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    Deixei recentemente de ser apenas filha e passei a ser filha e mãe. Naturalmente, a minha mãe deixou de ser apenas filha e mãe e passou a ser também avó. A alegria é enorme para qualquer uma, apenas um pouco mais ténue porque, por causa da pandemia, não pudemos acompanhar-nos tanto nem preparar-nos juntas como eu muito teria gostado. Ainda assim, penso que para ambas, foi com alguma surpresa que, com a vinda do meu filhote, vimos surgir também alguns momentos de discórdia. Inevitáveis durante o processo de adaptação, dir-me-ão (e disseram), mas, ainda assim, inesperados.     Por isso, quando soube que tinha sido escrito um livro pelas mãos de uma filha-mãe e da sua mãe-avó, que pretendia abordar precisamente estes choques - geracionais, conceptuais e familiares, « Guerras entre uma avó e uma mãe livres do politicamente correto » - pareceu-me interessante dar-lhe uma vista de olhos e, quiçá, passá-lo à minha mãe.     Não posso dizer que tenha sido um livro que adorei, mas foi uma bo

Os Anos, Annie Ernaux (Livros do Brasil)

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   Os Livros do Brasil fazem parte da minha juventude. Foi com esta editora e coleção (Livros do Brasil - Dois mundos) que conheci e li alguns autores que continuam a ser os meus preferidos: John Steinbeck, Ernst Hemingway, Albert Camus, Pearl S. Buck, Franz Kafka, entre tantos outros. Gosto da quase imutabilidade das capas e do destaque dado ao autor em detrimento do título.     Neste caso, não conhecia a autora, Annie Ernaux, mas o livro foi-me emprestado por uma amiga que já me tinha falado dele durante as caminhadas que, por vezes, fazemos ao final do dia. Seria incapaz de catalogá-lo ou rotulá-lo naquelas categorias precisas com que críticos e estudiosos arrumam os livros. A autora fala numa autobiografia impessoal (pg. 194), porque “ O importante, para ela, é a possibilidade de captar a duração que constitui a sua passagem pela Terra numa determinada época. Esse tempo que a atravessou, esse mundo que ela registou apenas por viver.”     Apesar de ser um registo autobiográfico, e