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Homens sem mulheres, Haruki Murakami (Casa das Letras)

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    Se os dois últimos livros que li fizessem parte de uma ementa, este seria a sobremesa. Uma sobremesa ligeira, agradável, simples, com um toque exótico. Já o anterior, A guerra do fim do mundo , seria o prato principal. Um prato cheio, bem temperado e com acompanhamento. Nem melhor, nem pior, diferentes os dois. E nada me podia saber melhor depois da leitura de A guerra do fim do mundo , cheia de personagens, narradores distintos, histórias dentro da história, que a simplicidade deste livro Homens sem mulheres.      O livro tem 7 contos todos sobre homens sós e a sofrerem com a solidão:     « Todavia, ao recordar a época em que eu tinha vinte anos, o que vem à tona é a minha solidão. Não tinha namorada para me aquecer o corpo e o coração, nem um amigo no qual pudesse confiar. Não sabia o que fazer dos meus dias, era incapaz de imaginar o que o futuro me reservava. Estava sempre fechado na minha concha, ao ponto de passar uma semana sem ...

Outlander - Nas Asas do Tempo, Diana Gabaldon (Casa das Letras)

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    Depois de umas semanas numa das minhas "crises de livros" - aquelas alturas em que começo um novo livro a cada dois dias porque não há nenhum que me agarre - uma amiga minha emprestou-me este tomo de quase 800 páginas. Já tinha ficado curiosa com a série televisiva e, ao saber que havia um livro de base - mais!, que havia uma série de, pelo menos, sete livros - fiquei bastante entusiasmada com a possibilidade de voltar a mergulhar em mundos alternativos durante um período alargado de tempo. E, sim, o livro agarrou-me.    Trata-se da história de Claire Beauchamp, criada por um tio historiador, após a morte dos pais, e casada, mais tarde, com o também historiador Frank Randall. Devido à Segunda Guerra Mundial, passam a maior parte do seu casamento separados. Com o cessar-fogo, reencontram-se e decidem fazer uma segunda Lua de Mel onde haviam feito a primeira: na Escócia. E é num dos passeios pelas Terras Altas que Claire é atraída para uma pedra fendida num mo...

Sputnik, meu amor; Haruki Murakami (Casa das Letras)

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    Há uns tempos tentei ler um livro do Haruki Murakami, mas não consegui ficar interessada e (a custo) pousei-o. Agora a frequentar um curso de escrito, foi-nos dado a ler o excerto final deste romance - Sputnik, meu amor -, que é lindíssimo e, porque o livro em si foi recomendado, li-o. E gostei muito. Lê-se muito bem. É pequeno e fácil, mas está muito bem escrito e tem passagens e frases muito bonitas ( a perceção é a soma dos nossos mal-entendidos ).      O narrador, K., conta a história de Sumire, uma rapariga de vinte e dois anos que conheceu na faculdade, antes de ela ter desistido dos estudos para se tornar escritora, e por quem está apaixonado. Sumire conhece Miu, cerca de 17 anos mais velha (se não estou em erro), no casamento de uma prima e apaixona-se por ela imediatamente. Nunca se tendo apaixonado, nem tão-pouco sentido qualquer tipo de desejo sexual por ninguém, Sumire vê-se totalmente arrebatada por esta paixão por uma mulher ina...

A baía dos anjos, Anita Brookner (casa das letras)

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  Há livros certos para alguns momentos da nossa vida ou há momentos certos para lermos alguns livros. Foi o que aconteceu com este livro, a baía dos anjos. Comprado há já alguns anos, seguramente atraída pelo título e pela leitura da contracapa, arrastava-se penosamente entre a minha mesinha de cabeceira e a estante da sala, mas persistindo sempre em chamar-me a atenção. Mais de uma vez iniciei a leitura que abandonei. Não sei explicar porquê. Desta vez, passou-se o contrário. Comecei a lê-lo e custava-me interromper a leitura que retomava sempre que podia.     É uma reflexão profunda e íntima sobre as relações familiares e afetivas, o envelhecimento e a morte ( Que coragem deve ser precisa para envelhecer!) . Centrado essencialmente na relação mãe/filha(o), na dependência que existe entre ambas(os) mas também na necessidade de criar distâncias e definir um percurso de vida autónomo : - Sim, aquele amor era uma espécie de liberdade. Tem-na com a sua mãe. Mas,...

Descascando a cebola, Gunter Grass (Casa das Letras)

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    O Pedro Valente ofereceu-me este livro há alguns anos. Iniciei e interrompi a sua leitura algumas vezes. Não sei se tinha a ver com o tema, com a narração, um pouco errática, de quem vai descascando a cebola e encontrando, camada após camada, recordações.     A imagem da cebola é interessante pois como diz o autor tem muitas camadas.   Só ao descascá-la fala verdade. Cortada, provoca lágrimas .     E esta é verdadeiramente a surpresa: a narração não tem tristeza, nem lágrimas. Talvez apenas estupefacção para a forma como o autor, então jovem, conviveu com este período da história alemã, com a guerra dentro e fora das fronteiras e com o regime nazi (" e de questionar o meu comportamento em determinadas situações ").     O livro assumido como um acto de exorcismo, ao fim de muitos anos, e que segundo se diz provocou a indignação geral de muitos leitores, é, a meu ver, e enquanto tal, um acto falhado...

Basta-me viver, Carlos Vale Ferraz (Casa das letras)

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    Carlos Vale Ferraz é apresentado na capa como Autor de «Fala-me de África» (que tenho de ler) mas para mim será sempre o Autor de «Nó Cego». Este último livro, editado muito recentemente, tem como subtítulo "A história do órfão da foz dos rios" e é dedicado às Mães. Esta é uma história de amor absoluto de duas mães pelos seus filhos, mas é também uma história sobre o dever. Dos sacrifícios em nome do amor e das contradições do dever.    O livro inicia-se com a morte dos dois avôs, Augusto Torres e Baltazar Gonzaga, respectivamente, avô paterno e materno do narrador. Augusto Torres era um homem do regime, salazarista, deputado da UN e ligado à legião. Baltazar Gonzaga era um homem central na luta contra o colonialismo e pela independência de Angola. Distantes nos princípios e objectivos, próximos na forma como se relacionavam com os outros e como os seus ideais se sobrepunham a tudo.     Toda a história se desenrola na conversa entre o...

"Amor à primeira vista", Domingos Amaral (Casa das Letras)

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    Várias vezes folheei com curiosidade o livro "Enquanto Salazar dormia" mas, por várias razões, terminei por nunca o comprar, nem ler. Foi por isso que quando este livro do mesmo autor me veio para às mãos decidi lê-lo, apesar do título e da capa me parecerem pouco interessantes. O livro gira à volta de uma investigação jornalística,com todos os ingredientes para o tornarem actual, grandes obras públicas, subornos, corrupção, financiamentos partidários ilegais, e, ao mesmo tempo, a vida amorosa do jornalista, dividida entre uma relação assumida e uma outra clandestina.     As duas histórias terminam por cruzar-se, mas fica tudo por resolver, assumindo o destino fatalista da nossa situação actual em que se levantam suspeitas sobre actos de corrupção que nunca são esclarecidos. Não será por acaso que se fala em pântano: " E ficamos neste pântano, neste perigoso pântano, e toda a gente vai vivendo a sua vidinha, a protestar no café ".   ...