Luanda, Lisboa, Paraíso, Djaimilia Pereira de Almeida (Companhia das Letras)

Custa-me sempre recuperar de um bom livro. De um mau livro ou pelo menos de um de que não goste, recupero facilmente. Nalguns casos abandono-o a meio, mas mesmo que chegue ao fim, quando viro a última página, já o começo a esquecer e só desejo começar um novo. Mas quando chego ao fim de um livro de que gostei, sou tentada por vezes a reler algumas partes e demoro, indecisa, a encontrar nova leitura, como se aquele outro não me abandonasse imediatamente. É o que está a acontecer com este Luanda, Lisboa, Paraíso. Comprei-o recentemente no Festival Literário Língua Mátria e logo que folheei as primeiras páginas apaixonei-me pela escrita. Poesia disfarçada de prosa: " (...) Seria mentira dizer que as últimas vezes são os nossos anjos-da-guarda." (pg. 29) "(...) As suas mãos haviam-se feito brancas e assim seriam quando morresse. A obra e não o nascimento tinham-no tornado da cor do pai, que nunca mais tinha...