Eleitos e escolhidos, Mário Castrim
Mais uma crónica do Mário Castrim, publicada no Diário de Lisboa, sob o título Lisboa, verbo amar: Aquele meu amigo disse que por acaso conhecia uma história de amor passada em Lisboa. E vai, contou. "Era uma vez eu. Andava aí pelos quarenta anos. Tinha exactamente quarenta e dois, para ser exacto em tudo. "Nesse tempo, já eu fazia a inspecção das sucursais. Vinha de regresso a Lisboa, de comboio, em primeira classe. Saía do bolso à companhia, entendes... "No compartimento viajava apenas uma senhora. Desculpa não te dizer como era ela. Dir-te-ei que era doce, calma, tranquilizante como um Valium 10. Perguntei: "Posso fumar?" "Pois como não"respondeu. Palavras que me chegaram ao coração como um foguete de três respostas de mel. "Duas pessoas só, acabam por não suportar o silêncio. Os trópicos estoiram.O que duas almas podem conversar, rapaz!Antes do dilúvio, quando rebentaram as comportas do céu devia ser assim. "Sabíamos ...